Popeye Bar, onde vítimas alegam ter sofrido homofobia por parte de um dos sóciosPedro Ivo

Rio - O caso de homofobia no bar em Ipanema, na Zona Sul, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (9). De acordo com a delegada titular da Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi), Débora Rodrigues, durante depoimento do designer Fernando Pimentel e seu marido, Rafael Monteagudo, surgiram seis novos nomes de pessoas que alegam ter sido alvos de preconceito no estabelecimento.

"As vítimas já prestaram depoimento e trouxeram o nome de mais seis pessoas que estavam no local e algumas delas também foram vítimas desse suposto não atendimento ao público gay", explicou a delegada.

O caso aconteceu no feriado da última quarta-feira (7), no Popeye Bar, em Ipanema. Fernando e Rafael afirmam ter vivenciado um episódio de homofobia no local. Segundo o designer, o atendimento a eles foi negado por um dos sócios por serem gays, enquanto casais héteros continuavam sendo atendidos.

Durante a tarde, Milton Caruso de Freitas, que é um dos sócios do estabelecimento e que está sendo acusado pelo casal, foi à delegacia para prestar depoimento junto com um de seus funcionários. De acordo com a titular da Decradi, ela ainda aguarda a chegada dos vídeos das câmeras de segurança do estabelecimento para ilustrar e entender os fatos e deve ouvir, no decorrer da semana, as outras seis pessoas apontadas como vítimas por Fernando e Rafael.

Segundo Milton, o que ocorreu, na verdade, foi um desentendimento por parte de Fernando, que não aceitou as condições para ser atendido no bar.

"O bar começou a ficar muito cheio, com muito movimento e então nós suspendemos a venda no balcão, ficamos atendendo só as mesas. E foi dito isso para várias pessoas, só que um determinado momento chegou esse rapaz e queria ser atendido no balcão. Foi explicado para ele que que a gente havia suspendido as vendas. Então ele falou: 'Ah, não, mas eu sou cliente, eu quero ser atendido, por que não está me atendendo?'. Primeiro ele falou com o rapaz do balcão, que explicou a situação. Depois, ele veio na minha direção falar comigo. Não vi porque estava de costas. Mas ele veio e bateu com uma esteira, que estava na mão, na minha cabeça. Eu virei assustado e falei para ele: 'Que isso, rapaz?', e ele respondeu: 'Eu quero saber porque eu não posso ser atendido', e eu expliquei a mesma coisa", disse o sócio do estabelecimento.

Ainda de acordo com o seu relato, Fernando teria se alterado, tentando justificar a falta de atendimento: "Do nada, ele começou a gritar 'o senhor só não está vendendo para mim porque eu sou gay, Só está atendendo os bolsominions', e começou a dar o show dele, então eu falei para ninguém responder ele e ficamos quietos".

Milton assumiu também que haviam outros gays no local e que estavam sendo atendidos normalmente, já que, segundo ele, não há como saber quem é gay e isso não é um motivo para não atender uma pessoa.

"Metade do atendimento do bar estava sendo para gay. Tinha mesa com mais de cinco pessoas gays sento atendidas. Ele já chegou meio transtornado e começou a dar um 'chilique' porque achou que tinha que ser atendido. Eu nem sabia que ele era gay, como é que eu vou vou falar para uma pessoa que não vou vender porque é gay? Como é que eu vou saber que a pessoa é gay?", se justificou.
Em entrevista ao DIA, Fernando Pimentel contestou a informação dada por Milton de que o bar estava cheio. Segundo Fernando, ele e o marido frequentam o local há uns oito meses e no dia do ocorrido o estabelecimento não estava mais cheio do que o normal. O designer diz ainda que tentou filmar o momento em que Milton disse que não atenderia gays, mas não conseguiu. "Eu fiquei tão nervoso que acabei tirando foto", afirmou.