A funcionária denuncia que foi expulsa da escola e teve sua carteira de trabalho jogada no chãoRede Social

Rio- Uma funcionária de uma creche no bairro de Vila Valqueire, na Zona Oeste, afirma ter sido agredida pela diretora da instituição, pouco depois de pedir demissão. De acordo com a Polícia Civil, o caso foi registrado como lesão corporal na 28ª DP (Campinho). A agressão ocorreu na última segunda-feira (12).
Ainda segundo a corporação, a vítima prestou depoimento e foi encaminhada para exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). O caso foi enviado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim). A proprietária da unidade escolar nega todas as acusações.
De acordo com a funcionária, identificada como Amélia Marracho, de 18 anos, ela trabalhava há três meses na creche como auxiliar de berçário e esse era seu primeiro emprego de carteira assinada.
Em depoimento, Amélia contou que passou mal após se alimentar com "arroz com barata" servido pela instituição no último dia 1, e precisou ficar afastada. No entanto, quando retornou, ainda abalada, e decidiu pedir demissão, houve desentendimento com a diretora da creche.
“A tia da cozinha me ofereceu o arroz da escola quando eu estava em horário de trabalho, eu aceitei e ela colocou na minha marmita. Isso porque no dia eu não tinha levado arroz. Na hora do almoço eu fui comer e nele havia 'baratinhas', mas o problema é que só fui perceber quando já estava no final da comida. Infelizmente não pensei em tirar fotos, mas lá tem câmeras, até pedi as filmagens, mas me negaram falando que eu estava de má fé”, explicou.
Segundo Amélia, após o afastamento ela retornou a creche no dia 5 de setembro com os atestados e trabalhando normalmente, pois precisava do emprego. No entanto, ela relatou que seu psicológico estava muito abalado para continuar o trabalho e que na última segunda (12) foi conversar com a diretora para pedir demissão.
A funcionária relatou ainda que foi agredida com puxões de cabelo. Em um áudio gravado por Amélia durante uma conversa com a diretora, identificada como Danielle Bárbara da Fonte Moraes, elas discutem e é possível ouvir gritos da funcionária pedindo por socorro no final.
“A agressão iniciou quando a Danielle, que é a diretora, tentou pegar o celular da minha cintura, pois eu disse que estava gravando”, contou Amélia.
Ainda na gravação, a funcionária insistia em registrar a conversa no celular, a fim de relatar o ocorrido e pedir demissão. Porém, ao saber que estava sendo gravada, a diretora da instituição questionou o porquê dela ter comido arroz da instituição, uma vez que é servido apenas para as crianças e exigiu que Amélia se retirasse da escola e levasse seus pertences. Após a confusão, a carteira de trabalho da funcionária ainda teria sido jogada no chão em frente a escola.
Uma outra ex-funcionária da creche, identificada como Isabelle Lira, 28 anos, confirmou a versão de Amélia e relatou que presenciou as baratas na comida.
“A gente estava almoçando e quando ela me contou que tinham oferecido arroz para ela eu estranhei porque a cozinheira não costuma oferecer comida. Ela sempre fala que a quantidade é fracionada para as crianças. Em um certo momento, a Amélia virou pra mim e falou assim: ‘Isa, você quer ficar incrédula?’ Aí ela me falou que achava que o crocante da comida fosse carne, ou alguma coisa parecida, mas que depois foi vendo patinhas, cascas e nisso me mostrou”, contou.
Isabelle contou ainda que foi mexendo na comida e vendo mais pedaços. “Tinha várias patinhas, tinha o corpo da baratinha já partido provavelmente de revirar muito o arroz e eu fui colocando na mesa a barata, até pra ir vendo quantas que a gente tiraria. Eu concluí que aquele arroz seria jogado fora!! E foi oferecido a ela porque não faria falta. Já que, como disse, a cozinheira não costuma fazer essa gentileza toda”, explicou.
A ex-funcionária disse também que aconselhou Amélia a não contar sobre isso aos donos porque a comida não era destinada a funcionários. “Eu sabia que o questionamento deles seria justamente do porque ela estava comendo o arroz da escola.E que nem tentariam confortá-la ou se redimir pela falta de cuidado com a alimentação”, finalizou.
Procurada, a diretora Danielle Bárbara da Fonte Moraes se defendeu das acusações e garantiu ser inocente. "A algazarra de ex-funcionários não define uma instituição de 14 anos especializada em educação infantil e com premiações de nível nacional por excelência na qualificação dos serviços", afirmou.
Danielle disse ainda que recebeu diversas ameaças. "Recebi ameaças contra a minha integridade física. Recebi inúmeras ameaças de morte de pessoas que nem sequer conhecem a escola ou a direção. Sem base alguma, sem justificar. Se é que existe justificativa para atos de vandalismo e ameaças. Finalizo alegando que nenhuma prova sobre o que foi relatado foi sequer apresentado", concluiu.
Reportagem de: Ana Fernanda Freire e Luiza Mattos