Por determinação da direção da Escola de Belas Artes da UFRJ, aulas no Edifício Jorge Machado Moreira estão suspensasDivulgação
Por falta de limpeza e infraestrutura, Faculdade de Belas Artes da UFRJ cancela aulas por tempo indeterminado
Alunos temem sofrer atraso na formatura por causa da paralisação; em nota, reitoria diz ter sido pega de surpresa
Rio - Esta quarta-feira (14) começou diferente para os alunos de alguns cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Mais de dez cursos ficarão sem aula por tempo indeterminado, já que, segundo a coordenação, o Edifício Jorge Machado Moreira, na Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, na Zona Norte do Rio, sofre com problemas graves de falta de limpeza e nos elevadores. Os alunos temem que a paralisação atrase suas conclusões de curso.
Ao todo, os 13 cursos coordenados pela Escola de Belas Artes (EBA) e o de Arquitetura, situados no mesmo prédio, tiveram as aulas suspensas. A Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) informou que as aulas regressam na segunda-feira (19). Já a EBA não tem data para voltar.
Nashla Rouxynol, de 22 anos, aluna do último período de Artes Plásticas, confessa que teme ver seu fim de curso adiado por mais seis meses, depois de tantos desafios já superados durante a pandemia. Ele também relata dificuldades cotidianas vividos no prédio onde estuda.
"Esse cancelamento sem data de previsão de volta traz um nervosismo. Caso demore a se resolver, minha formatura pode ser adiada em mais um período, sendo que já foi complicado cursar algo tão material como artes plásticas em plena pandemia. Diariamente, a gente encontra muitos problemas, como falta de luz e água, sendo a última essencial para a manutenção dos ateliês, pois sem eles aulas como as de escultura e pintura vivem sendo canceladas", afirma.
Nashla ainda diz que sem elevadores, os alunos com baixa mobilidade não conseguem acessar os andares superiores, onde costumam acontecer algumas aulas.
"Foi uma vitória, depois de tanto tempo, o sexto e sétimo andares terem sido reabertos (interditados após o incêndio ocorrido em 2016). Porém, é inviável chegar lá sem os elevadores todos os dias, ainda mais para as pessoas com deficiência", diz.
Aluna de Arquitetura, Sarah Carvalho diz que a situação é parecida nos andares do seu curso. Além da frequente falta de limpeza nos banheiros, a questão é mais grave no ateliê.
"Se há limpeza pesada no ateliê, nem dá para notar. Única coisa que eu sempre vi foram funcionários varrendo. Nos corredores eles passam pano, mas nunca vi nada de limpeza pesada, a qual o ateliê necessita", afirma.
Estudante de Artes Plásticas, Julia Dias fala que, há pouco tempo, presenciou algo que certamente tinha capacidade de ter um desfecho trágico por causa da falta de manutenção do local.
"Estava lanchando com outras pessoas quando ouvimos um barulho muito alto, de vidro estilhaçando. Corremos para ver e, chegando no primeiro andar, vimos que um pedregulho enorme do prédio, que deveria pesar uns vinte quilos, se desprendeu da estrutura e quase atingiu uma menina que passava. Se pegasse em cheio nela, ela não conseguiria sobreviver", relata.
Julia diz que foi comunicada na terça-feira passada (13), via e-mail, sobre o cancelamento das aulas. Ela enumera que os problemas são vários, como falta de materiais básicos de higiene e de manutenção na infraestrutura.
"Quem estuda aqui sabe que tem que levar de casa. Um exemplo é papel higiênico, porque é algo que falta com frequência nos banheiros. Outro dia soube que um grupo ficou mais de uma hora preso dentro do elevador por causa de um problema técnico", revela.
Em nota, a reitoria da UFRJ disse ter sido pega de surpresa pela decisão da direção da EBA em suspender as aulas devido aos problemas com o contrato de limpeza do Edifício Jorge Machado Moreira (JMM) e com a manutenção dos elevadores. A reitoria ainda afirma que acompanha de perto as obras de reestruturação do prédio, tomando as diversas providências para a correção dos problemas estruturais, elétricos e hidráulicos do edifício para a segurança de estudantes, técnicos-administrativos, docentes e terceirizados.
Procurada, a direção da EBA não respondeu até o fechamento da reportagem.
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