Rio- O Ministério Público do Rio denunciou o empresário Victor Arthur Possobom, 32 anos, pelos supostos crimes de agressão e tortura contra o enteado de 4 anos e solicitou a prisão preventiva do acusado. A decisão foi enviada ao Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) através da 2ª Promotoria de Investigação Penal Territorial de Niterói.
A denúncia retrata que Victor expôs a criança a “desnecessário sofrimento físico e mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”. O MPRJ ainda solicitou a fixação de valor mínimo para reparação de dano moral.
As agressões contra a criança ocorreram em fevereiro deste ano, mas as imagens foram divulgadas apenas nesta quinta (16). Em um dos vídeos divulgados , o agressor aparece dentro do elevador do prédio onde morava com o enteado, na Avenida Sete de Setembro, em Icaraí. O menino se posiciona em um dos cantos do elevador e, em seguida, é sufocado por Victor. O padrasto parece não se preocupar com as câmeras de segurança.
Homem agride e sufoca enteado de 4 anos em condomínio de Niterói. Caso aconteceu em fevereiro deste ano.
Em outro vídeo, captado do hall do condomínio, o homem aparece sentado ao lado da criança e começa a brigar com ela. Victor olha ao redor para ver se alguém estava olhando e dá dois socos no rosto da criança, seguido de mais um sufocamento. Quando o homem percebe a chegada de uma senhora no local, ele para as agressões e disfarça. Após a série de maus tratos, o menino chora muito.
Pedido de prisão
A Polícia Civil solicitou a prisão de Victor nesta sexta-feira (16). Um dos pedidos foi emitido pela 77ª DP (Icaraí). O órgão relatou que a delegacia instaurou inquérito e investiga o caso. “Os agentes analisam as imagens registradas da agressão, coletam depoimentos e realizam demais diligências para esclarecimento dos fatos”, informou em nota.
A mãe da criança, Jéssica Brandão, também acusa Victor por violência sexual, física e psicológica. Em relação a essas denúncias, a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Niterói informou no início da tarde desta sexta (16) que concluiu o inquérito sobre o crime de violência psicológica cometido por Victor e que o caso foi encaminhado à Justiça, com pedido de prisão, e está sob análise. A Justiça ainda não decretou a prisão.
Defesa alega transtornos
O advogado de Victor, Daniel Aguiar, enviou uma nota e apresentou laudos informando que o empresário possui problemas psiquiátricos e realiza tratamentos. Ele disse ainda que as agressões contra a criança ocorreram após um surto da mãe.
“Meu cliente sofre de transtornos psiquiátricos, e vem sendo submetido a tratamento nesse sentido. Ele tem transtorno comportamental com alternância de momentos de euforia e comportamentos impulsivos. Ele faz uso de medicamentos de controle especial e exatamente no dia dos fatos, em razão de senhora Jéssica (mãe da criança) ter tido, também, um surto dizendo que iria tirar a própria vida, deixou-o em um estado de completa tensão emocional”, disse o advogado.
A defesa também realizou uma série de acusações contra a mãe da criança, Jéssica Brandão, alegando que ela seria traficante de drogas.
“Esclareço que a senhora Jéssica, ao contrário, muito ao contrário do que vem alegando em público, ela não sofreu agressão por parte do Victor Arthur, deixou propositalmente de informar na mídia, que é traficante de drogas, responde a processos criminais, inclusive, no estado de São Paulo, estava com tornozeleira e arbitrariamente se desfez da mesma. Por isso, reitero que o episódio por ele descrito de que teria feito um aborto em razão de agressão do meu cliente, jamais isso ocorreu e em razão disso, ela deverá fazer prova nesse sentido”, complementou.
Mãe da criança contesta
Jéssica Brandão confirmou que respondeu por tráfico em 2017, mas que não deve nada à Justiça, tendo carteira assinada depois disso. Ela conta ainda que atualmente trabalha vendendo comida congelada. Uma amiga da família, que teve a identidade preservada, apoiou Jéssica e relatou que Victor ainda não foi preso por ter um avô influente.
“Ela respondeu por tráfico pois não tinha um avô advogado influente para deixar ela solta, assim como Victor depois de ter praticado vários crimes. Ele está desde 2020 sem ir assinar o processo de violência doméstica praticado em 2017. Se tem alguém devendo a justiça, não é ela”, disse a amiga.
Ela mostrou ainda a carteira de trabalho da vítima que comprova a gravidez desmentida pela defesa do agressor. Jéssica está sendo assistida pela Defensoria Pública.
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