Victor Arthur Possobom, de 32 anos, deu entrada, no fim da noite desta sexta-feira (16), na 77ª DP (Icarai). Ele é acusado de agredir enteado, de 4 anos Cléber Mendes/Agência O Dia

Rio - A mãe do menino de 4 anos agredido pelo padrasto em Niterói, Jéssica Brandão, de 30 anos, se disse aliviada com a prisão preventiva do ex-companheiro que foi localizado pela PM e levado à 77ª DP (Icaraí), no fim da noite desta sexta-feira (16). Victor Arthur Possobom, 32, flagrado em câmeras de segurança dando socos e enforcando o enteado, se manteve calado durante questionamentos na delegacia. Segundo o delegado Cláudio Otero Ascoli, titular da distrital, ele foi transferido para cadeia em Benfica, neste sábado. 
"O caso se encerrou. O autor foi preso e encaminhado à Benfica. Agora seguirá o processo criminal na 4ª Vara Criminal de Niterói", finalizou o delegado. 

Em conversa com o DIA, uma amiga de Jéssica disse que essa foi a primeira noite em que a mãe do menino conseguiu dormir após ver o vídeo onde o filho é agredido pelo ex-companheiro. "Ela estava com muito medo dele fazer algo com ela ou com a bebê que estava com ele. Antes de se entregar ele deixou a criança na casa da mãe dele", conta a amiga, que preferiu não se identificar.


A amiga comenta que até a divulgação das imagens na imprensa, o caso não vinha andando porque Victor tem família com boas condições financeiras. "Ele tinha certeza da impunidade, falava para Jessica: 'procure a justiça'. Dizia que, por ela ser pobre, demoraria anos e nada seria feito", explicou.

A prisão preventiva de Victor foi decretada ainda nesta sexta-feira pela Justiça. A decisão foi da magistrada Juliana Bessa Ferraz Krykhtine, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que aceitou a denúncia do Ministério Público (MPRJ) e pedido da própria Polícia Civil. O acusado, que seria lutador, foi localizado por PMs da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), após denúncias indicarem seu paradeiro. Ele foi detido pelos policiais e levado à 77ª DP.  
"O Comandante da 4ª DPJM estava presente na ocorrência e fez a condução do preso até a delegacia junto com os demais policiais militares", disse a corporação em nota.

Após ter sido denunciado pelas agressões, em fevereiro, a defesa de Victor teria alegado que ele sofre de problemas psiquiátricos, mas a amiga de Jéssica conta que isso é mais uma estratégia para "tentar manter ele solto".

De acordo com ela, a atual namorada de Victor é a psiquiatra que assinou o primeiro laudo que atestava o problema psiquiátrico. Seria com a médica que Victor estava vivendo até que as agressões ao enteado vazaram. "Não há problemas psiquiátricos, o que existe é uma rede de proteção muito grande em torno dele", contou a amiga.

Apesar do alívio da prisão, a amiga conta que Jéssica ainda vive drama na busca da guarda da filha que tem com Victor. A bebê, de 1 ano, vinha sendo mantida com o acusado das agressões desde junho. A menor está com os avós paternos desde então. Segundo o delegado Cláudio Otero Ascoli, Jéssica foi autorizada pela Justiça a visitar a filha enquanto não há decisão sobre a guarda.
Histórico de agressão

Victor já foi alvo de pelo menos dois inquéritos por agressão, um deles contra a própria mãe. O caso aconteceu em 2013 e foi registrado na 81ª DP (Itaipu). Contra ele constam ainda outros processos na Delegacia de Atendimento à Mulher de Niterói, todos referentes à agressões. Segundo a amiga, um desses processos foi registrado por uma ex-namorada dele, em 2017.
Em print de conversa atribuído à Victor, ele chega a fazer ameaças contra a própria mãe caso ela não consiga manter a guarda da sua filha com Jéssica. Em uma das mensagens da conversa, o perfil que seria de Victor chega a dizer que mataria a familiar: "Eu mato você".