Allan Turnowski foi preso por suspeita de envolvimento com o jogo do bichoMarcos Porto/Agencia O Dia

Rio - A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Maria Thereza de Assis Moura, negou, nesta sexta-feira (16), um pedido de habeas corpus solicitado pela defesa do delegado Allan Turnowski. A informação é do portal G1. Ele está preso desde o último dia 9, após uma operação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio (MPRJ), por um suposto envolvimento com grupos de contravenção. À época, a defesa do delegado negou as acusações e disse se tratar de "uma prisão ilegal". 
Esse é o segundo recurso da defesa do ex-secretário rejeitado pela Justiça. No primeiro, apesar do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) ter negado o benefício, concedeu ao delegado a transferência para uma sala de Estado-Maior para advogados — Turnowski tem formação em Direito. Na decisão, o magistrado ressaltou que já havia analisado a legalidade da prisão do delegado em um pedido de habeas corpus anterior, apresentado no dia da operação que Allan foi preso.
Procurado pelo Dia, o advogado Fernando Drummond, responsável pelo recurso anterior, disse que não representa mais o delegado. O novo pedido foi feito pelo advogado Daniel Leon Bialski, que representa o escritório Bialski Advogados Associados. A defesa não respondeu aos contatos.
Candidato a deputado federal pelo Partido Liberal (PL), Turnowski estava afastado do cargo de secretário desde início deste ano, por conta das eleições. Ele foi alvo de uma operação do Gaeco por crimes de organização criminosa, corrupção e violação de sigilo funcional. De acordo com a denúncia, Turnowski receberia propina do jogo do bicho e teria envolvimento em um plano para matar o bicheiro Rogério Andrade.
Delegado teria perdido o celular durante a campanha
Uma das polêmicas que envolvem a prisão de Allan seria o sumiço de um aparelho de telefone celular do ex-secretário. No dia da ação, agentes do Ministério Público chegaram a apreender celulares na casa de Allan, mas não encontraram o aparelho em questão. O candidato a deputado federal alegou ter perdido durante a campanha. 
Porém, as análises do Ministério Público mostraram que, às 23h da véspera da prisão, o celular estava em uma área de cobertura da região da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que abrange o endereço residencial de Turnowski, indicando que ele chegou em casa com o aparelho. 
Das delegacias para a chefia da Polícia Civil
Allan Turnowski estava há 27 anos na Polícia Civil. Em sua passagem pela instituição ele foi diretor de Polícia da Capital e Especializada, além de titular das delegacias de Roubos e Furtos de Carga (DRFC); Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Ele também foi delegado da Corregedoria Interna e da 16ª DP (Barra da Tijuca), além de várias distritais do interior do estado.
Entre os anos de 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral, Turnowski foi chefe da Polícia Civil, mas deixou a pasta depois que uma investigação da Polícia Federal apontou que ele teria vazado uma operação. O delegado chegou a ser indiciado por quebra de sigilo funcional, baseado na gravação de uma conversa com um inspetor da instituição preso pela PF na Operação Guilhotina.
Em 2020, o delegado foi nomeado secretário de Estado de Polícia Civil, cargo que ocupou até março deste ano, quando se licenciou para concorrer nas eleições de 2022 pelo Partido Liberal.

Em sua gestão, a Polícia Civil deu início à uma força-tarefa de combate à milícias, que já prendeu mais de mil criminosos e ocasionou um prejuízo de aproximadamente R$ 2,5 bilhões a grupos paramilitares. Foi também durante a chefia de Turnowski que a instituição realizou a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, na favela do Jacarezinho, na Zona Norte, que terminou com a morte de 28 pessoas, entre elas, um policial civil.