Pessoas de diferentes religiões participam da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em CopacabanaReprodução
União e pedidos de respeito marcam Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa
Evento que contou com representantes de diferentes credos, chega a sua 15a edição na Praia de Copacabana
Rio - A Praia Copacabana, na Zona Sul, foi palco da 15ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, na manhã deste domingo (18). O evento, que tem como objetivo chamar a atenção para a importância da boa convivência entre as diferentes crenças e cobrar medidas de combate a intolerância, reuniu representantes de diversos segmentos da fé, como católicos, evangélicos, judeus, muçulmanos, kardecistas, candomblecistas, umbandistas e budistas.
Antes do evento, que começou às 10h, os participantes se reuniram no Posto 5 da praia para um café da manhã e partiram de lá partiram em caminhada pela orla.
"Foi um momento lindo, de energia boa, com a presença do amor maior. Com certeza Deus estava ali conosco, dava pra sentir em todas as pessoas que estavam lá. É muito importante que as pessoas de fora vejam essa união e entendam de uma vez por todas que Deus é um só e que nós, filhos dele, podemos conviver em paz e harmonia. O amor é isso, é união entre todos, sem ver a quem. Se não for assim, não é amor, não é Deus", contou Isabella Müller, de 26 anos, que foi ao evento.
"Vim com a minha prima, que não pratica nenhuma religião, mas é lésbica, parte da comunidade LGBT, uma das mais sofrem com a discriminação e a violência. Nessas horas, todos que sofrem se juntam em prol de uma sociedade mais justa, igualitária e tolerante. A gente não aguenta mais sofrer violência e discriminação", desabafou Isabella.
A iniciativa, que chegou a sua 15ª edição e hoje figura entre os maiores eventos inter-religiosos do Brasil, surgiu em 2008, em reação aos episódios de intolerância religiosa que aconteceram no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte. Na ocasião, adeptos das religiões de matriz africana foram expulsos da comunidade pelo traficante Fernandinho Guarabu, que, na época, comandava o tráfico no local e os impedia de usar suas vestes religiosas e seus fios de conta. Além das caminhadas, os religiosos criaram a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), que passou a ser um importante instrumento de acolhimentos e denúncias dos crimes de intolerância religiosa.
O Rio de Janeiro é o estado com maior número de casos de intolerância. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), apenas em 2020 foram contabilizados mais de 1,3 mil crimes que podem estar ligados à intolerância religiosa. De acordo com o Instituto Expo Religião, todos os dias, são registrados pelo menos quatro casos na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI).
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