Ricardo, Gustavo, Weslley e Gabriel, presos pela morte de Cauã NeresReprodução/Redes Sociais

Rio - Quatro dos cinco homens acusados pela morte de Cauã Neres, de 17 anos, foram transferidos do Presídio Tiago Teles, em São Gonçalo, na noite desta segunda-feira (19), depois de uma foto do grupo, tirada dentro da penitenciária, circular nas redes sociais.

Após o vazamento da imagem, policiais penais fizeram uma vistoria geral e encontraram um celular com bateria e sem chip, entre panos velhos e sujos no canto da cela.

Na foto, Ricardo dos Anjos Camargo, de 21 anos, Weslley Silva Nascimento Carvalho, 22, Gabriel Werneck Guimarães, 22, e Gustavo Henrique Frazão Romão aparecem abraçados e sorrindo ao lado de outro preso – não identificado. O quinto homem acusado pelo assassinato, Jorge Mendes Macedo, de 28 anos, está no mesmo presídio, mas não aparece na foto.

A foto foi publicada na página do Facebook “Justiça pelo Cauã Neres”, o que teria motivado a identificação e localização dos presos e a revista nas celas.

Segundo a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), como parte disciplinar, os homens foram levados para a Penitenciária Laércio da Costa Pelegrino (Bangu 1), onde vão ficar em isolamento por 30 dias.

O celular apreendido foi apresentado à 74ª DP (Neves) para registro de ocorrência.

Primeira audiência

Na última segunda-feira (19), às 20h15, aconteceu a primeira audiência de instrução e julgamento do caso Cauã Neres Chagas, o jovem de 17 anos que foi espancado e morto por cinco amigos, em Santa Cruz, depois de uma discussão por conta um celular.

Na audiência do Ministério Público, foram ouvidas três testemunhas: César Augusto de Sá Freire, Fernando Henrique Fonseca Maia e Vanessa Neres das Chagas, mãe de Cauã, que atua também como assistente de acusação do MP.

Estiveram presentes, também, os cinco réus: Ricardo dos Anjos Camargo, Weslley Silva Nascimento Carvalho, Gabriel Werneck Guimarães, Gustavo Henrique Frazão Romão e Jorge Mendes Macedo.
O caso

Cauã Neres das Chagas foi morto na madrugada do dia 10 de julho (domingo), em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio, depois de ir a um bar com cinco amigos. De acordo com as investigações, um dos integrantes do grupo havia perdido um celular e o adolescente encontrou o aparelho. Os jovens, entretanto, acusaram o rapaz de tentar disfarçar uma tentativa de furto do celular.
Depois disso, o grupo decidiu dar um “susto" no adolescente, como forma de punição pelo suposto crime e o agrediu brutalmente, estrangulando-o até a morte. De acordo com o delegado Fabio Luiz Souza, titular da 36ª DP (Santa Cruz), delegacia responsável pelo caso, a decisão de matar Cauã veio do medo do adolescente contar que havia sido agredido. Em seguida, os meninos jogaram o corpo do jovem no Rio Guandu, sob um viaduto na Rodovia Rio-Santos. O corpo de Cauã foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros no dia 13 de julho (quarta-feira), no local apontado pelos cinco acusados.

Réus pedem revogação de prisão

Na audiência, quatro dos cinco réus pediram revogação da prisão ou substituição por medidas diferentes do acautelamento. Somente Gabriel Werneck não solicitou. As defesas dos outros acusados alegaram bons antecedentes, boa conduta social, endereço conhecido ou dependência econômica de menores ou terceiros.

O Ministério Público deve se manifestar sobre os pedidos de liberdade nos próximos dias.

Vanessa Neres se mostrou contrária às solicitações dos presos. "A eventual ilegalidade da prisão ou captura não macula a prisão preventiva posteriormente decretada, e os fatos são extremamente graves. Os acusados tentaram, inclusive, ocultar o cadáver e revelaram que concretamente podem embaraçar a instrução processual", disse a mãe de Cauã na audiência, por meio de seu advogado.

A próxima audiência está marcada para o dia 24 de outubro, a qual o Ministério Público convocou o dono do bar em que Cauã esteve com os amigos para depor.