Vias de acesso à Costa Verde enfrentam diversos problemas de infraestrutura Divulgação

Rio - Vias esburacadas, trechos desmoronados, sem sinalização e com iluminação precária. Esses são alguns dos desafios que quem quer chegar em uma das mais belas regiões do estado do Rio de Janeiro precisa enfrentar. As maravilhas da Costa Verde ainda compensam todos esses problemas, mas, a vida do motorista ou de quem tenta chegar à região não tem sido fácil.


Seja pela Rodovia Rio Santos, a RJ-149 ou pela a RJ-155, para acessar Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, é preciso muita cautela. As três vias, que são as únicas rotas de acesso à Costa Verde, enfrentam uma série de problemas de infraestrutura e acessibilidade.

Nenhuma das três rodovias oferece atualmente plenas condições de tráfego aos motoristas. O problema tem impactado pessoas de diversas cidades, já que as vias também fazem a ligação da região com os municípios de Rio Claro, Barra Mansa e Volta Redonda.

Rio-Santos em pare e siga

A Rodovia Rio Santos, que é a principal ligação entre a cidade do Rio de Janeiro e a Costa Verde, está desde março de 2022 sob o domínio da CCR RioSP. A via, que foi privatizada com a promessa de ser duplicada nos próximos anos, tem previsão de ganhar três praças de pedágio em 2023. Para isso, a CCR até vem realizando melhorias estruturais em diversos trechos e trabalhando para minimizar os impactos da chuva de mais de 800mm que atingiu as cidades de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, em abril deste ano, causando estragos de grandes proporções. Porém, a falta de estrutura viária ainda é latente.

Para tentar resolver os problemas de deslizamentos e desmoronamentos, bem como dar andamento às obras de recuperação, a CCR precisou implantar diversos pontos de interdição parcial, desvios e o sistema pare e siga em diferentes locais. A concessionária tem feito um esforço para gerir o tráfego e implantou melhorias de sinalização, além de substituir recentemente a iluminação dos túneis. Entretanto, o asfalto precário, o desnivelamento de trechos, os engarrafamentos e gargalos no acesso aos túneis continuam desafiando quem transita na pista.

"Dirigir na Rio-Santos é uma missão muito próxima do impossível. Tem buraco pra todo lado, a pista tá bem desnivelada e gente ainda vê acidente quase todo dia. Isso tudo, sem contar os engarrafamentos nos túneis e quando tem o pare e siga. Tem que vir com muita paciência e cuidado", disse Wanderley dos Santos, que utiliza a via todos os dias no trajeto Itaguaí x Angra.

RJ 149 e RJ 155 abandonadas

Diferentes da Rio-Santos, que ainda passa por um projeto de duplicação e melhoria, a RJ-149, que liga Mangaratiba a Rio Claro pela Serra do Piloto, e a RJ-155, que une as cidades de Barra Mansa, Rio Claro e Angra dos Reis, via Lídice, lembram mais rodovias abandonadas. As duas são geridas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ), e apesar de estarem com obras anunciadas pelo Governo Estadual, tem inúmeros problemas contabilizados.

A RJ 149, tem obras inacabadas na altura Mangaratiba, e vive em cenário de abandono em Rio Claro. Há trechos com o pavimento cedido, sem acostamento e com deslizamentos de encostas sobre a pista, o que tem facilitado o aumento do número de acidentes.

"No acesso a Serra tem uma placa informando que tem obras em andamento, mas, passo por lá e não vejo uma máquina. Trabalho em Rio Claro e estou tendo que fazer outra rota muito mais demorada para chegar ao trabalho. Agora vou até o arco metropolitano, em Seropédica, e tenho que voltar um pedaço enorme. É um prejuízo danado. Só que não tenho mais coragem de ir pela Serra do Piloto. Tá perigoso demais. Fico com medo de passar e pista terminar de ceder", contou o vendedor Anderson Lima, que mora em Mangaratiba.

Ele, que também poderia passar pela RJ-155, diz que nem tenta essa rota. Segundo Anderson, o caminho de Lídice está cheio de buracos, desvios, com obras inacabadas e desníveis em diversos locais.

Atividades prejudicadas

Não é só o tráfego que vem sendo prejudicado com falta de estrutura nas rodovias. O problema tem impactado principalmente no turismo, que é a principal atividade econômica na Costa Verde. A má qualidade das estradas tem dificultado os traslados de turistas e os serviços prestados aos visitantes.

No caso da RJ-149, por exemplo, que é bastante utilizada para a prática de esportes ao ar livre, e costuma atrair ciclistas de todo o país, o movimento tem diminuído consideravelmente. Grupos que procuram o trajeto Serra do Piloto x Rio Claro, tem desistido de acessar o município vizinho de Mangaratiba devido às péssimas condições da rodovia e ausência de segurança para transitar no trecho.

Sem contar os problemas acarretados ao turismo, a mobilidade e economia local, uma das questões que mais preocupa os moradores é a possibilidade de acontecer um acidente na Usina Nuclear de Angra dos Reis. Moradores temem ficar 'presos' na região.
"Hoje, se tem um acidente na Usina estamos perdidos. Não tem por onde sair rápido. Nenhuma estrada nos dá essa condição. Todas tem obras interminadas, o asfalto está péssimo e a Rio Santos, ainda tem os túneis, que por nada já engarrafam", comentou Lourdes Nóbrega, moradora de Angra dos Reis.

Autoridades Mobilizadas

A situação das estradas de acesso à Costa Verde tem sido pauta da campanha de muitos candidatos na eleição de 2022. Representantes ou não da Costa Verde, tem debatido a questão e prometido buscar soluções. O poder executivo e legislativo da região também tem se mobilizado, como é o caso de Júnior Laurentino, vereador de Mangaratiba. Ele explica que tem acompanhado de perto o drama dos moradores de sua cidade.

"Todos os dias recebemos um pedido de socorro de um morador. A situação das estradas não pode ficar assim. Vamos cobrar uma posição do DER-RJ, que precisa retomar as obras na RJ 149. Essa estrada tem uma importância econômica e histórica enorme. É por ela que escoamos a produção da agricultura familiar, por onde os turistas acessam diversos pontos turísticos da cidade e o único caminho possível para quem mora na Serra do Piloto chegar em casa, acessar farmácia, comércio, mercado, hospital.
Acredito que todas as câmaras da região e os prefeitos, precisam se unir numa força tarefa para cobrar do estado, e da CCR, a conclusão das obras ou a melhoria da condição das rodovias. Estou mobilizado para isso", disse.