Escola Eleva, na BarraReprodução

Rio - A mãe de uma menina de 12 anos denunciou, nesta quarta-feira (28), um caso de intolerância ocorrido em uma das unidades da Escola Eleva, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Segundo a mãe, a filha teria recebido ofensas de cunho racial, homofóbico e preconceito social em um grupo de alunos. O fato teria acontecido em agosto, porém só foi revelado agora, após ela registrar uma ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
De acordo com a mãe, os ataques aconteceram em um grupo de aplicativo de troca de mensagens e os autores seriam alunos da mesma série da menina. Nas conversas, que foram apresentadas à Polícia Civil, os estudantes a chamam de "gorda", "lésbica" e "pobre bolsista".
A adolescente vive com a mãe e a madrasta, que era professora do colégio e, por isso, tinha uma bolsa para estudar na unidade. Após a publicação das mensagens, a funcionária foi suspensa em agosto e, em setembro, demitida.
Segundo Vânia Etinger, a advogada que representa a família, a mulher foi readmitida após o exame demissional apontar problemas psiquiátricos decorrentes do incidente, inclusive com uso de medicamentos controlados. Após isso, ela foi afastada por razões médicas da escola e de uma unidade da prefeitura. A professora ainda vai passar por uma avaliação no INSS.
Vânia acrescentou que "não houve nenhuma conversa sobre indenização" com a família. De acordo com ela, "o objetivo da ocorrência é tornar o fato público, destacando que racismo e homofobia são crimes, razão pela qual foi realizado o Registro de Ocorrência na quarta-feira, dia 28, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância".
Além disso, de acordo com ela, "somente após a divulgação das mensagens que a escola procurou a família, mas até o momento não ofereceu suporte a nenhuma das envolvidas". Um tratamento psicológico teria sido iniciado com o custeio da própria família.
A assessoria de imprensa da escola emitiu nota oficial:
"Sobre os questionamentos feitos, a escola primeiramente reforça que repudia atos discriminatórios de toda e qualquer natureza e se solidariza com a aluna que sofreu tal situação. A direção reitera que o bullying sofrido a esta aluna (em ambiente fora da escola) e a demissão da professora não tem nenhuma relação, inclusive aconteceram em momentos distintos. E que a mesma se encontra até hoje no quadro de docentes da instituição de ensino. Neste momento, a escola esclarece ainda:

O caso de bullying ocorreu no início do mês de agosto em ambiente virtual e tão logo tomou ciência do fato apoiou medidas disciplinares, pedagógicas e formativas aos alunos envolvidos e, desde então vem tratando o ocorrido com ações acolhedoras para os envolvidos e suas famílias, reforçando assim o compromisso de orientar e gerenciar com toda a importância e cuidado que o tema e o ambiente escolar requerem.

Ainda sobre o assunto acima, escola e grupo Repare, de ação antirracista liderado por pais e responsáveis de alunos da própria escola e equipe docente, vem atuando em conjunto para dar todo suporte as famílias.

Já sobre o tema desligamento da professora, madrasta da aluna que sofreu bullying, o mesmo ocorreu no fim da primeira quinzena do mês de setembro uma vez que o comportamento e conduta apresentados pela mesma não condiziam com a expectativa da instituição. Entretanto, após o processo de desligamento, a mesma apresentou um atestado médico, foi reintegrada ao quadro de funcionários e está afastada de suas atividades".
A assessoria da Policia Civil informou por meio de nota que, "será enviado um ofício ao Conselho Tutelar, já que os envolvidos são menores de idade, e todos serão ouvidos."
Mensalidades podem chegar a R$ 5 mil 
A Escola Eleva faz parte de uma rede cujas mensalidades podem chegar a R$ 5 mil, e tem duas filiais no Rio de Janeiro, além de unidades em Recife e Brasília. Por algum tempo teve como acionista principal o empresário Jorge Paulo Lehmann, mas há três meses foi vendida para o grupo britânico Inspired Education, um grupo mundial que reúne colégios de luxo.
A mãe da menina acrescenta que não é a primeira vez que a rede tem problemas envolvendo preconceitos raciais com alunos. "Outros pais já me procuraram para contar que seus filhos também sofreram ofensas por conta da cor da pele em outras unidades", disse.
Errata: No dia 29/09/2022, a reportagem publicou um trecho em que a advogada Vânia Etinger teria dito: "o objetivo dessa ocorrência é tornar esse fato público e lembrar que racismo e homofobia não são crimes no nosso país, mas devem ser rechaçados pela sociedade". No entanto, houve um erro na redação da matéria. A declaração correta foi corrigida no dia 03/10/2022: "o objetivo da ocorrência é tornar o fato público, destacando que racismo e homofobia são crimes, razão pela qual foi realizado o Registro de Ocorrência na quarta-feira, dia 28, na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância".

O DIA pede desculpas aos leitores pelo erro.