Thais Rodrigues era conhecida por vender doces e salgados na comunidadeFoto: Reprodução/Redes Sociais

Rio – O corpo de Thais Rodrigues de Abreu, vítima de feminicídio dentro de casa na Vila Kennedy, na Zona Oeste, no último sábado (1º), foi enterrado nesta terça-feira (4), no Jardim da Saudade, em Sulacap, também na Zona Oeste. Primo da vítima, José Carlos Evaristo, de 41 anos, relatou ao DIA que a família está sem assistência: "Precisamos de ajuda, de psicólogo. A gente não tem ajuda de ninguém", disse. 
Os parentes optaram por não abrir o caixão e, por isso, não houve velório. De acordo com José Carlos, o enterro contou com cerca de 200 pessoas.
O principal suspeito do crime é João Vitor dos Santos Lopes, de 20 anos, preso em flagrante, no último domingo (2), pelos crimes de feminicídio e tentativa de homicídio. Ele foi acusado também de agredir o filho mais velho da vítima, batendo sua cabeça diversas vezes no chão.
"Ela deixou um filho autista de 5 anos e outro de 9, que está traumatizado. Ela era muito guerreira, corria atrás das coisas para os filhos dela", relatou José Carlos. Thais trabalhava em uma barraca de lanches, onde vendia sanduíches, salgadinhos e doces.
"A minha tia, a mãe da Thais, também ficou debilitada. Ela tem diabetes, é idosa e não tem como ir a consultas sozinha", complementou o primo da vítima.

O crime

De acordo com os familiares, Thais, de 31 anos, teria sido estrangulada por João Vitor na madrugada do último sábado (1º). Eles contam que a vendedora se envolveu com o rapaz há um mês, terminou o relacionamento e reatou há cerca de 15 dias.

José Carlos Evaristo relatou que um dos filhos de Thais presenciou o crime. Segundo ele, o menino acordou para beber água, quando João Vitor apontou para o corpo da mulher, já sem vida, e ameaçou a criança. "Está vendo sua mãe aí? Ela está morta. Vou fazer a mesma coisa com você", disse o homem. Em seguida, ele bateu a cabeça do garoto no chão e o enforcou, fazendo o menino desmaiar. Pensando que o filho de Thais estava morto, João fugiu. José Carlos contou que a criança está bem e se recuperando no hospital.

José Carlos contou ainda que, apesar do relacionamento dela com João Vitor, a família não tinha nenhum vínculo com o rapaz. "Eu conversei com a minha tia e, aparentemente, ninguém sabia nada dele. Eu ouvi que a mãe dele expulsou ele de casa, porque ele gostava de roubar as coisas dentro de casa. Ele também roubou a moto da Thais e tentou vender", disse José.

"A família está sem chão, porque a Thais era uma menina guerreira, trabalhava dia e noite para dar o melhor aos filhos e à mãe. Ela perdeu o pai tem um mês, então estava sendo o pilar da família. A gente confia na justiça de Deus e espera que esse cara seja condenado. Se você procurar no bairro para falar da Thais, vai ver que a Vila Kennedy está chocada e de luto. Eu estou sofrendo muito por dentro, porque fui criado com ela. A gente conviveu junto. E hoje eu peço que a justiça seja feita", desabafou o comerciante.

Nas redes sociais, pessoas que conviveram com Thais demonstraram tristeza e revolta com o feminicídio. "Acordar com essa notícia partiu meu coração. Menina guerreira, de correria, não merecia um fim assim. Descanse em paz, querida. Que a justiça seja feita", escreveu uma amiga no Facebook.

"Já chorei muito. Que tristeza! Thais, tão trabalhadora, guerreira e cheia de sonhos. Que covardia”, publicou outra. "Estou arrasada. Uma menina que cresceu em uma família que sempre lhe deu amor, e um covarde faz isso com ela. Estou sem acreditar", lamentou outro perfil na rede.
Segundo a Polícia Militar, no domingo (2), homens do 14º BPM (Bangu) foram verificar uma ocorrência na qual já se encontrava uma equipe do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e foi constatada a morte de uma mulher. Os agentes afirmaram também que uma segunda pessoa, menor de 18 anos, foi localizada desacordada e levada ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.