O sepultamento teve a presença de aproximadamente 15 pessoas, entre amigos e familiares. A mulher de Igor, grávida de oito meses, estava muito abalada durante o velório.
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O amigo da vítima disse que ele estava saindo de casa para ir à padaria quando deu de cara com um policial: "Ele saiu para comprar pão. A mulher disse para ele não ir, mas ele quis. Ela entrou e então só ouviu o barulho no beco. O moleque estava na porta ainda quando a polícia atirou".
"Hoje eu estou aqui enterrando meu amigo, meu parceirão mesmo, meu irmão de vida. Se fosse vagabundo, pai e mãe não estariam sofrendo tanto, pois seria a vida que o cara escolheu, a vida que saberia o destino. Mas ele estava trabalhando, tinha recebido a primeira quinzena dele. Ele trabalhava no lava jato do aeroporto. Hoje, a mulher dele recebeu uma ligação dizendo que o relógio e o dinheiro dele estão na delegacia. Sabe para que era esse dinheiro? Para o enxoval da criança. Agora restam aí três crianças. Agora eu terei que ficar presente na vida das crianças no lugar dele", completou o amigo.
De acordo com familiares, Igor não tinha nenhum envolvimento com o tráfico. Além dele, outro homem também foi baleado. Eles foram socorridos ao Hospital Municipal Evandro Freire.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram o momento em que o corpo de Igor, já sem vida, chega ao hospital municipal na Ilha do Governador. Ele foi levado pelo blindado da PM, sob o protesto de conhecidos de Igor, que acompanhavam o veículo de moto.
"Até quando essas coisas vão continuar? O Estado entrando, matando inocente, morador, trabalhador, gente que não tem nada a ver com a guerra dele", questionou o amigo de Igor. "As pessoas têm medo de arma, mas arma não atira sozinho. Então as pessoas veem um cara armado, vão peitar? Não vão. Então pergunto até quando isso vai continuar? Até quando vamos ver inocente morrendo na guerra do tráfico ou na guerra do tráfico com a polícia?", completou.
A corporação informou ainda que durante a ação foram apreendidos duas pistolas, munições, cinto tático, 18 frascos de lança perfume e pinos de cocaína. O caso foi registrado na 37ª DP (Ilha do Governador).
A PM disse também que o comando do 17° BPM já instaurou um procedimento para apurar as circunstâncias do fato e colabora integralmente com o procedimento investigativo da Polícia Civil.
"Uma pergunta que eu gostaria de fazer para todos os policiais: para que vocês puxam o gatilho? Por que e para quê? De que adianta? Foram lá, fizeram a operação, se esconderam na casa de morador, fizeram morador de refém, saíram, mataram mais um morador, e aí? O tráfico acabou? Deixou medo no tráfico? Não, o tráfico continua lá, firme e forte", finalizou o amigo da vítima.
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