'Hoje, acordei e vi meu filho na cama dele, isso não tem preço', diz mãe de aluno de escola atingida por incêndio
Pais tentam retomar a vida após susto de ver escola dos filhos pegando fogo. Crianças participaram de uma atividade de Dia das Crianças nesta terça-feira (11)
Os alunos do Centro Educacional Pássaro Azul participaram de evento de Dia das Crianças em salão de festas - Foto: Agência O Dia
Os alunos do Centro Educacional Pássaro Azul participaram de evento de Dia das Crianças em salão de festasFoto: Agência O Dia
Rio - "Foi um susto grande, mas a escola vai se recuperar", o desabafo é da esteticista Larissa Macedo, de 25 anos, mãe de um aluno do maternal do Centro Educacional Pássaro Azul, atingido por um incêndio na tarde desta segunda-feira (10), no bairro de Turiaçu, Zona Norte do Rio. Um dia após o incidente, os pais de alunos e colaboradores demonstram alívio pelo resgate de todas as crianças, ilesas, e otimismo para a reconstrução da escola. Uma atividade de Dia das Crianças, que estava programada para esta terça-feira (11), foi mantida e acontece desde a manhã, em um salão de festas na mesma rua em que funcionava o colégio.
Alunos de escola atingida por incêndio participam de evento de Dia das Crianças.#ODia
Larissa estava assistindo uma aula na faculdade, no bairro do Méier, também na Zona norte, quando soube do incêndio.
"Assim que me ligaram, eu fui para lá, e encontrei meu filho na casa de um vizinho, que abriu as portas para receber os alunos", contou. Segundo ela, a cooperação dos vizinhos foi fundamental para diminuir os transtornos causados nas crianças durante o resgate.
"Eu e meu marido estudamos lá, e sempre confiamos no trabalho da equipe. A escola é muito querida pela vizinhança. Quando aconteceu o acidente, eles não pensaram duas vezes antes de sair para ajudar", contou.
A esteticista não escondeu a alegria de ver seu filho salvo: "Hoje eu acordei e vi meu filho na cama dele, isso não tem preço", celebrou.
O vendedor Ricardo James, de 45 anos, é pai de um aluno com espectro autista e viu o incêndio da janela do apartamento, localizado no décimo andar de um prédio próximo à escola. Ele soube do incidente através de uma ligação da esposa e também correu para o endereço. Quando chegou no local, encontrou o filho em uma vila ao lado do imóvel.
"Um inspetor estava com ele e com outro menino com necessidades especiais. Quando cheguei na casa, senti um alívio muito grande. A equipe do colégio foi muito ágil para acolher as crianças", celebrou.
Segundo ele, os pais e mães de alunos se colocaram à disposição para reconstruir a escola. "Eu tenho formação em marketing e a minha esposa é contadora. Avisei à dona da escola que queremos ajudar na retomada das atividades. Assim como nós, outros pais também já se dispuseram a ajudar", disse.
A coordenadora do colégio, Roberta Araújo, de 41 anos, estava trabalhando na hora, e contou como percebeu o avanço do fogo pelo imóvel.
"Vimos fumaça e a parte dos toldos do terraço começaram a cair em forma de bolas de fogo. Só tive noção da proporção do incêndio quando tiramos as crianças e olhamos do outro lado da rua", disse.
Segundo Roberta, a ação durou cerca de dez minutos, desde o aviso dos funcionários até a retirada de todos os ocupantes. E a ajuda dos vizinhos foi fundamental para o resgate dos alunos.
"Eles ajudaram a acalmar as crianças, nos ajudaram a direcionar as mesmas até a saída sem desespero. Foram nosso ponto de calma no meio do caos", celebrou.
A escola pretende retomar as atividades já na próxima semana e, inclusive, manteve uma programação referente ao Dia das Crianças nesta terça-feira (11), "em respeito às nossas crianças e agradecendo a tudo que passou". De acordo com Roberta, a escola recebeu "uma avalanche de solidariedade" após o incêndio e, inclusive, algumas escolas das redondezas ofereceram espaço para as aulas continuarem.
"Provavelmente, na próxima segunda já estaremos funcionando. Ainda não sei dizer onde, mas recebemos muito apoio para continuar", disse a pedagoga. Segundo dela, não há prazo para o início das obras.
O controle do fogo, realizado por militares do 8º GBM (Campinho), e que contou com auxílio de equipes do 24º GBM (Irajá) do Corpo de Bombeiros, se estendeu durante o todo dia e só foi finalizado às 20h30. Durante a noite, uma equipe da Defesa Civil municipal realizou uma vistoria na escola e verificou danos estruturais no prédio. Somente uma parede lateral, que não colocava em risco o imóvel, corria risco de desabar, e precisou ser demolida.
De acordo com a Secretaria de Conservação, foi necessário demolir um muro que oferecia risco ao imóvel vizinho, à pedido dos peritos da Defesa Civil.
A assessoria da Defesa Civil municipal informou que o imóvel foi totalmente interditado devido ao desabamento parcial do telhado, além de encontrarem muitos danos estruturais no imóvel. Agentes da secretaria avisaram à proprietária que há a necessidade de contratação de um responsável técnico para realizar a reconstrução da escola.
Resgate das crianças teve auxílio de vizinhos e mototaxistas da região
Militares do Corpo de Bombeiros foram acionados por volta das 13h45 para controlar um incêndio que estaria afetando uma escola no bairro de Turiaçu, na Zona Norte do Rio. Quando chegaram ao local, conseguiram retirar as cerca de 250 pessoas que estavam no colégio, com a ajuda de vizinhos e mototaxistas que trabalham ao lado do imóvel.
"Eu trabalho aqui do lado, tenho uma lojinha de roupa. Do nada, subiu um fogo lá na escola, e tanta fumaça, que nós não conseguíamos enxergar direito", disse o comerciante Jean Carlos, que ajudou a fazer o resgate das crianças.
O homem disse que mototaxistas que estavam próximos à escola foram fundamentais para realizar a retirada de todas as crianças em segurança.
"Quando nós chegamos próximos à escola, senti um calor muito forte e ouvimos algumas explosões. Nós pegamos as crianças no colo e conseguimos salvar muitas delas", contou.
Assim o mototaxista Luis Eduardo de Oliveira observou um fogo subindo pelo terraço do colégio, correu para o imóvel. De acordo com o homem, ao chegarem na escola, precisaram abrir a porta à força para tirar os alunos.
"Foi uma cena horrível. Nós entramos na salas e começamos a tirar as crianças, porque a maioria dos funcionários já estavam saindo. Se a ação não fosse rápida, talvez o desfecho seria muito pior", disse.
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