Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Del Castilho recebe fiéis, no dia da Padroeira do Brasil, nesta quarta-feira (12).Pedro Ivo/ Agência O Dia

Rio - Nesta quarta-feira (12), católicos puderam voltar a participar de missas do feriado de Nossa Senhora Aparecida sem restrições. Após dois anos de cerimônias realizadas com número reduzido de fiéis, devido à pandemia, a Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, em Del Castilho, na Zona Norte, voltou a celebrar missas com público total, no dia da santa padroeira do Brasil.

Durante toda a manhã, um fluxo intenso de carros se formou na frente da igreja, trazendo devotos para assistir às missas que acontecem de hora em hora, ao longo do dia. No entorno da paróquia, barraquinhas foram montadas pelos frequentadores para venda de comida, bebida e artigos religiosos durante as celebrações. Às 12h, um almoço foi servido aos fiéis por uma equipe da paróquia. A programação está prevista para terminar às 17h, quando uma procissão sairá pelas ruas do entorno do local.

Em um momento marcado pela emoção de fiéis que voltaram a participar do dia da Santa Padroeira, sem restrições dentro das igrejas, a professora de educação infantil e devota de Nossa Senhora Aparecida, Verônica Rodrigues, falou sobre a experiência de ir à missa neste ano.
"Em 2021, mesmo com as restrições, muitos devotos vieram e enfrentaram as dificuldades impostas pela pandemia, mas, neste ano, a igreja está lotada de gente pedindo a intercessão de Maria e seu filho, de pessoas felizes, se abraçando. Essa emoção que eu vi hoje dos familiares e amigos se encontrando, muitas pessoas se reencontrando na paróquia, pessoas que estavam distantes devidos a limitações de saúde, ver isso é uma alegria muito grade. Fico muito feliz em ver que os devotos não largaram sua fé e estão retornando hoje à casa da mãe Aparecida, que está completamente cheia", contou Verônica.

Emocionado com a volta das missas com público total, o padre Sérgio Luiz, pároco responsável pela paróquia, falou sobre o sentimento de ver a igreja cheia no dia da santa. "Este ano está sendo uma alegria muito grande, que é a alegria do reencontro. Todas as missas estão lotadas, depois de dois anos. Eu pude perceber no olhar das pessoas, a alegria de estar em casa, de poder agradecer pela vida. Nós superamos um momento muito difícil nesses dois anos. Antes as pessoas estavam pedindo e agora estão vindo para agradecer. É belíssimo quando o ser humano agradece. Para mim, a maior alegria é ver o povo reunido, agradecendo a Nossa Senhora", revelou o padre.

O pároco também destacou a importância que a santa de maior devoção entre os brasileiros possui para a fé católica. "Ela é a mãe de Jesus. Quem não celebra o aniversário da sua própria mãe? Jesus, na cruz, nos deu Nossa Senhora como mãe. Ele disse 'eis aí a tua mãe'. Lá em Aparecida, ela demonstrou cuidado com os pequeninos, com aqueles pobres pescadores. Nós somos esses pequeninos, na barca que é a igreja e ela vai nos guiando pelo caminho de Deus", explicou o pároco.
A devota Marcela Aguiar, de 47 anos, contou que veio este ano para pagar uma promessa que fez à santa durante a pandemia. "Prometi que, se minha família conseguisse passar ilesa pela pandemia, eu viria na missa dela este ano. Agora estou aqui para agradecer que todos estão bem", explicou Marcela.

Frequentador da paróquia há mais de 10 anos, o católico Zanderson Tosta, explicou a emoção que sentiu ao ver a igreja cheia durante todo o dia e do que espera que as pessoas tenham aprendido com os anos de pandemia. "É uma emoção muito grande ver a casa de Deus assim. Antes era triste ver que muitos queriam estar aqui, pertinho da igreja e da comunidade, mas não podiam. Que nós tenhamos aprendido a sermos mais solidários, a nos amar em Cristo e nos enxergarmos todos iguais, nos colocando no lugar do outro, de agora em diante", contou Zanderson.
Como surgiu a devoção
A história da santa padroeira do Brasil surgiu na segunda quinzena de outubro de 1717, quando a população de Aparecida, que ainda fazia parte da cidade de Guaratinguetá, em São Paulo, planejava uma festa para o governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, que passaria pela região, a caminho de Vila Rica, hoje, a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais.
Três pescadores, devotos da virgem, Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves desceram o Rio Paraíba à procura de peixes para a comemoração e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu, onde lançaram as redes e apanharam uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Logo após, lançaram as redes outra vez e apanharam a parte que faltava. Em seguida lançaram novamente as redes e, dessa vez, abundantes peixes encheram a rede. Impressionados, os pescadores atribuíram o que havia ocorrido a um milagre da virgem Maria. Desta maneira, o nome oficial da santa passou a ser Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
*Reportagem do estagiário Jorge de Mello, sob supervisão de Bernardo Costa