Rio – A Justiça do Rio absolveu Sandra Helena Ferreira Gabriel, 56 anos, conhecida como Sandra Sapatão, da acusação de chefiar o tráfico de drogas na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte, e concedeu a sua soltura. Ela estava presa desde maio de 2021 no presídio Santo Expedito, em Bangu.
A decisão é do juiz Rudi Baldi Loewenkron, da 34ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O magistrado considera as provas contra Sandra frágeis, uma vez que as testemunhas, policiais militares, afirmaram nunca terem visto Sandra na favela do Jacarezinho. Segundo os militares, eles apenas tinham conhecimento de boatos de que Sandra era uma das líderes da comunidade do Jacarezinho.
"O policial Pedro Paulo nunca viu Sandra na localidade. Já o policial Cristiano, nunca viu Sandra e Marcus Vinícius na comunidade. Entendo que, no que tange à Sandra e Marcus Vinícius, o acervo probatório é por demais frágil. Não houve interceptação, apreensão de anotações, ou testemunha de viso que pudesse confirmar a participação de ambos no tráfico local. A prova produzida nos autos é insuficiente e não autoriza um decreto condenatório", diz o juiz no documento em que ODIA teve acesso.
Marcus Vinícius é conhecido como "Lambari" e apontado, junto com Sandra, como um dos chefes do tráfico da localidade.
À época da prisão, ela era uma das principais lideranças do Comando Vermelho no Jacarezinho, segundo investigações. A prisão foi realizada por agentes da Dcod (Delegacia de Combate às Drogas), em Saquarema, na Região dos Lagos. No momento da prisão, Sandra estava tomando banho de sol, na praia do Boqueirão. Não houve resistência.
Ela então estava foragida da Justiça desde 2019, acusada do homicídio de um policial e da tentativa de morte de outro. Aos policiais que atuaram em sua prisão, Sandra disse que soube do mandado de prisão, em 2019, dentro de uma igreja e que não tinha mais ligação com o tráfico.
Tráfico, mortes e prisões
Em 2007, Sandra estava na lista dos dez bandidos mais procurados do estado. Ao ser presa, em 2010, ela chegou a ser a única mulher interna em um presídio federal de segurança máxima. Em 2014, ela saiu em liberdade provisória e não retornou à prisão, sendo considerada evadida do sistema prisional.
No mesmo ano, foi capturada por agentes da Unidade de Polícia Pacificadora do Jacarezinho (UPP), ocasião em que ofereceu R$ 20 mil para não ser presa. Já em 2016, saiu em liberdade, e teria voltado a gerenciar o tráfico pessoalmente.
Em 2017, ela foi apontada pela polícia por participar de um tiroteio que matou o policial militar Michel de Lima Galvão, da UPP Jacarezinho, e deixar outro agente baleado no rosto. Em 2019, por conta desses crimes, ele teve a prisão preventiva decretada, ao lado de outros dois traficantes, na 2ª Vara Criminal.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.