Quadros de idosa foram apreendidos em apartamento de suspeita Divulgação

Rio - O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) determinou prisão domiciliar para Jacqueline Stanescos, acusada de envolvimento em um golpe de R$ 725 milhões contra idosa. Com a decisão, ela deixou o complexo penitenciário de Benfica na manhã desta quarta-feira (12).
Jacqueline é prima de Rosa Stanescos, a falsa vidente conhecida como "Mãe Valéria de Oxóssi". As duas estavam presas preventivamente desde a Operação Sol Poente, realizada em agosto deste ano. Elas são acusadas de estelionato, roubo, extorsão, sequestro, cárcere privado e associação criminosa.
A prisão domiciliar foi determinada por conta da saúde de Jacqueline. "Restou evidenciada a presença de comorbidade física e a necessidade de cuidados especiais na área de saúde mental", diz a decisão. O juízo também definiu o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de contato ou aproximação da vítima.
De acordo com as investigações, a quadrilha abordou a idosa oferecendo um tratamento espiritual para Sabine Boghici, filha da vítima, que estaria com graves problemas de saúde. Com medo, ela realizou diversos pagamentos para a cura de Sabine, entregando joias e obras de artes aos acusados. Desconfiando que fosse um golpe, a idosa não quis mais pagar os altos valores exigidos e passou a ser mantida em cárcere privado pela própria filha.
Além de Rosa e Sabine, outras três pessoas estão presas preventivamente no complexo de Benfica: Gabriel Nicolau, filho de Rosa; Diana Rosa Aparecida Stanescos, meia-irmã da falsa vidente; e Slavko Vuletic, pai de Diana.
Relembre o caso
No dia 10 de agosto, a Polícia Civil realizou a Operação Sol Poente para prender integrantes de uma quadrilha que se apresentaram como videntes e roubaram da idosa cerca de R$ 725 milhões entre obras de artes, joias e dinheiro. A operação ocorreu após a vítima, de 82 anos, viúva de um colecionar e negociador de obras de arte, ter sido enganada pelo grupo que ofereceu tratamento espiritual para sua filha Sabine, em troca de vultuosos pagamentos.
Ao desconfiar que fosse um golpe, a idosa não quis mais pagar os altos valores exigidos e passou a ser mantida em cárcere privado, em seu apartamento na Zona Sul, entre fevereiro de 2020 e abril de 2021, pela própria filha. Durante o cárcere, a vítima era agredida por Sabine, privada de comida e até chegou a ter uma faca colocada em seu pescoço para realizar a transferência de dinheiro. A viúva descobriu, então, que todo o golpe havia sido articulado pela própria filha, que também passou a vender as obras de arte para uma galeria em São Paulo.
Entre as obras levadas para a venda estavam 'O Sono', de Tarsila do Amaral; 'O menino', de Alberto Guignard; 'Mascaradas', de Di Cavalcanti; 'Maquete para o meu espelho'; de Antônio Dias; e 'Elevador Social'; de Rubens Gerchman. A investigação, realizada pela Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (DEAPTI), intimou o responsável pela galeria em São Paulo, que devolveu os quadros que não haviam sido vendidos, o que fez a idosa reaver cerca de 40% do valor desviado.