Estudantes e professores ficaram de 8h30 às 13h30 na estação Araribóia, em Niterói, mas não conseguiram embarcarArquivo pessoal / Marisa Cardoso

Rio - Vinte e oito alunos do Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho (Iepic) foram impedidos de viajar de barca durante uma atividade externa na manhã desta sexta-feira (14). Acompanhados de professores, os estudantes ficaram de 8h30 às 13h30 na estação Araribóia, em Niterói, mas não conseguiram embarcar.
A coordenadora do colégio, Marisa Cardoso, explicou que 51 alunos seriam levados para a região da Pequena África, na Zona Portuária do Rio, com intuito de aprender sobre a cultura africana e indígena. Chegando na estação, 12 estudantes foram liberados para entrar na barca com gratuidade. Entretanto, um funcionário da concessionária CCR Barcas alegou que o restante só embarcaria mediante pagamento feito por RioCard. 
"Nossos alunos ficaram muito frustrados. Sentiram-se humilhados, depreciados em relação a outras esferas da sociedade. Nos perguntaram se isso estava acontecendo porque eles eram alunos da escola pública, porque eram pobres. Nós desconstruímos isso com eles para que autoestima deles ficasse melhor, mas sabemos que existe esse preconceito", contou Marisa.
A coordenadora também destacou que não haverá a possibilidade de uma nova data para atividade por conta do calendário de ensino. Além disso, parte dos alunos se formarão sem participar do passeio.
"Infelizmente, por conta do calendário, essa atividade não vai mais poder ser reposta. Como é uma atividade externa e estamos no quarto bimestre, a gente não consegue mais. Essa atividade era a finalização de um projeto que tinha começado no bimestre passado. Duas turmas já tinham ido e, hoje, quatro turmas iriam. Infelizmente, essa atividade foi perdida. Inclusive, uma turma de terceira série, que se forma esse ano, vai ficar sem a atividade", lamentou.
O deputado estadual Flavio Serafini (Psol) foi acionada para ajudar na situação. Ele informou que acionará o Ministério Público e a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes do Rio (Agetransp). Além disso, ofereceu suporte aos alunos que queiram mover ações contra a CCR Barcas.
"Os estudantes ficaram horas e horas aguardando. A barca enrolou, desrespeitou os alunos. Expôs adolescentes a uma situação vexatória, negando um direito dos estudantes que está, inclusive, explicitado numa placa da própria barca na estação, dizendo: 'os estudantes têm direito a gratuidade apresentando sua documentação estudantil'. É lamentável que o grupo CCR, um dos mais fortes economicamente do Brasil, tenha esse comportamento a frente das barcas, abusando do poder enquanto concessionário", reclamou o deputado. 
Em nota, a CCR Barcas informou que "de acordo com a Lei 4.510/05, estudantes da Rede Pública dos ensinos Fundamental e Médio têm direito à gratuidade no trajeto casa-escola-casa".