A Associação Henry Borel será sediada no Recreio dos Bandeirantes, Zona OesteDivulgação
O objetivo da associação, segundo Borel, é ajudar menores de 14 anos vítimas de qualquer tipo de violência, seja ela física, sexual ou psíquica, e oferecer a eles apoio em todas as áreas. "O nosso foco principal é evitar o pior, que é a morte. Seria muito pretencioso da minha parte achar que uma criança vai pegar um ônibus, chegar aqui no Shopping Bandeirantes e dizer 'estou sendo maltratada'. Então, tanto mãe, quanto pai, tio, avó que necessitar vai ter como referência a associação", assegurou o engenheiro. A proposta conta com o apoio de empresas privadas.
No papel há um ano e sete meses, a Associação Henry Borel é a materialização da inquietação de Leniel. O pai de Henry, que conversou com Ana Carolina, mãe da menina Isabela Nardoni, morta pelo pai e pela madastra, em 2008, começou a exigir mudanças nas leis. Mas, mesmo com a aprovação da Lei Henry Borel, em março deste ano, o engenheiro já sabia que a resposta para o problema não estava só na parte punitiva, mas na atuação preventiva:
"Na fase de inquérito policial, recebemos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) dados dizendo que são 19 crianças assassinadas por dia no nosso país. Isso sempre me incomodou muito. Mas não adianta ter muita lei e não aplicar. Não adianta ter muita lei, mas nem por isso diminuir esses índices. É um genocídio todo dia. O que que a gente pode fazer para diminuir esses índices não seria só por lei, mas com a parte preventiva", explicou.
A associação, então, é uma forma de ressignifcar a luta por justiça. "Organização Não Governamental (ONG) é algo que exige emocionalmente da gente. Tudo isso me emociona, me marca e me machuca muito. Mas eu acabei me tornando uma referência de ajuda e apoio. Então a Associação Henry Borel é uma maneira de eu conseguir dividir isso e trazer mais pessoas para ajudar. É para que qualquer pessoa que esteja passando por dificuldades consiga ter um lugar", apontou Borel.
À princípio, toda ajuda é voluntária. Todo o desenvolvimento do projeto foi, segundo o pai de Henry, custeado por ele. Apesar disso, os planos são expandir e transformar a Associação Henry Borel em uma referência no país. "Esperamos que as pessoas entendam e vejam a necessidade do que a gente está fazendo para as crianças do Brasil. Que venham mais pessoas e mais recursos para que possamos e consigamos ajudar mais e mais", torceu, se emocionando ao lembrar de Henry: "nunca acreditei que meu filho veio ao mundo para prender Monique e Jairo. É muito pouco para o que ele representa."
A situação dos acusados
Monique Medeiros da Costa Almeirda foi denunciada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) de ser coautora do assassinato de Henry por permitir que Dr. Jairinho agredisse a criança. Atualmente, Monique Medeiros está solta por decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), desde agosto. Contrário à decisão, o Ministério Público Federal solicitou, no último dia dez, embargos de declaração à sentença.
Jairinho atualmente cumpre prisão preventiva na Cadeia Pública Pedrolino Oliveira, no Complexo Penitenciário de Gericinó. Ele é indiciado por homicídio triplamente qualificado. Por causa do crime, em junho do ano passado, a Câmara dos Vereadores determinou a cassação do mandato do político.
No laudo pericial de Henry aparecem vinte e três lesões, além da indicação de que a criança morreu em decorrência de hemorragia interna e laceração no fígado causadas por ação contundente.
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