Familiares de Jean Lucas Loveiro, caminhoneiro morto em uma tentativa de assalto no Av. Brasil, nesta quarta-feira (26). Na foto, Rodrigo Benjamin, primo da vítima.Cleber Mendes/ Agência O Dia
Família de caminhoneiro morto com 15 tiros de fuzil na Avenida Brasil vai ao IML para liberar corpo
Enterro de Jean será no Cemitério São Francisco Xavier, em Itaguaí, mas ainda está sem hora definida
Rio - Familiares do motorista de caminhão Jean Lucas Lozeira, de 35 anos, assassinado com 15 tiros de fuzil na madrugada desta quarta-feira (26), na Avenida Brasil, na altura do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, foram ao Instituto Médico Legal (IML), nesta tarde, para liberar o corpo. Parentes questionaram a ausência de segurança pública e da brutalidade do crime.
Ao DIA, o primo da vítima, Rodrigo Benjamim, disse que Jean deixou dois filhos e que nada justificava a maneira como mataram seu primo. "Está muito difícil viver no Rio de Janeiro. Ele não foi o primeiro, muitos caminhoneiros já morreram, ele é mais uma vítima. O corpo dele estava a alguns metros de distância do caminhão, a gente está muito chocado com a brutalidade do crime", desabafou.
"A gente não sabe o que ocorreu. Meus primos foram ao local para ver o que aconteceu. Ceifaram a vida dele com 15 tiros de fuzil, não foi tiro de pistola, para deixar bem claro. Estamos impactados com isso, não tinha justificativa. Saiu cedo para evitar o trânsito, deu um abraço e um beijo na mulher, falou que já voltava e infelizmente ele não vai voltar. Ele deixou dois filhos, um tem sete anos e o outro ainda vai fazer dois anos", afirmou Rodrigo.
De acordo com Júlio Cesar Benjamim, tio do caminhoneiro, Jean tinha um sonho de construir uma casa para morar com os filhos, e que o caminhão, comprado com a ajuda dos pais de Jean, era a única fonte de renda dele.
"Meu sobrinho era um doce de garoto, maravilhoso, trabalhador. Não tenho palavras para descrever esse momento, ele nunca deu um problema, só trabalhava para construir a casa dele que infelizmente ele não vai poder morar com os filhos dele. Ele tinha o sonho de terminar a casa dele, para poder morar em uma casa dele, já que vivia de aluguel. Esse era o sonho dele momentâneo, obvio que viriam outros, mas ele trabalhava muito para isso, mas, infelizmente ele não conseguirá realizá-lo", lamentou Júlio.
Nas redes sociais, amigos prestaram homenagens e lamentaram a morte de Jean. Caminhoneiros realizaram, nesta quarta, um ato em homenagem ao jovem. Motoristas de caminhão seguiram buzinando pela Avenida Brasil, com faixas penduradas nos veículos com o nome da vítima. "Paz. Jean. Saudades", pede uma delas. "Descanse em paz, Jean Lucas", diz outra.
"Com muito pesar que recebi esta notícia. Estou sem palavras para tanta crueldade, tiraram a vida de um menino, pai de família, amigo e trabalhador cheio de sonhos. Não há palavras que consigam expressar a dor que sentimos, e a falta que já nos faz. A nossa classe de caminhoneiros perdeu um profissional estradeiro, você não merecia que tudo terminasse dessa forma. Que a justiça de Deus seja feita", escreveu um de seus companheiros de profissão.
Jean transportava carga de uma empresa estrangeira de navegação. De acordo com relatos nas redes sociais, o condutor é morador de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio, mas estava levando uma carga de Resende, no Sul Fluminense, para o porto Rio. Enquanto o veículo ainda não era retirado da via, pessoas invadiram a cabine e furtaram peças. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) investiga o caso.
Segundo a Polícia Militar, agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) estavam em patrulhamento quando foram acionados para verificar ocorrência na pista sentido Centro da Avenida Brasil. No local, o caminhão já estava colidido na mureta divisória da via e uma equipe do Corpo de Bombeiros que também havia sido acionada. Não houve prisões ou apreensões.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os militares foram acionados às 5h31, mas ao chegarem, Jean estava caído no chão, distante do veículo e já sem vida. O caminhão que ele dirigia ficou na via até por volta de 12h. Relatos de testemunhas afirmaram que a carreta ficou com várias perfurações por conta dos tiros e a lateral do veículo com marcas de sangue.
O local do enterro de Jean será no Cemitério São Francisco Xavier, em Itaguaí, mas ainda está sem hora definida.
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