Justiça antecipa julgamento da ex-deputada Flordelis para o dia 7 de novembroReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio (Seap) abriu um processo interno para apurar os motivos que levaram a ex-deputada federal Flordelis a retornar de uma visita no presídio Talavera Bruce, localizado no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, com R$ 72 em espécie escondidos em roupas íntimas, além de anotações com números de telefones dos seus advogados. O caso aconteceu no início do mês de outubro.
A informação foi registrada em depoimento de uma policial penal na 34ª DP (Bangu), na última quinta-feira (27). De acordo com a agente penitenciária, Flordelis foi flagrada por uma câmera tentando tirar algo da calça. A ex-deputada federal foi revistada e assumiu ter entrado com o dinheiro, além dos números de contato da sua defesa.
A policial penal é suspeita de ser uma das responsáveis por constrangimentos que Flordelis alega sofrer na cadeia, segundo a defesa da presa. De acordo com o advogado Rodrigo Faucz, a ex-deputada federal tem a sua integridade física e psicológica violada na prisão. Ao DIA, a defesa justificou que Flordelis tem problemas de memória e, por isso, foi pedido que ela anotasse os números dos advogados.
"Eu mesmo mandei ela ter sempre anotado o meu telefone para caso acontecesse alguma coisa, para quando ela fosse extorquida, para quando ela tivesse que assinar alguma coisa, sempre me ligar antes para a gente mandar um advogado lá para ser acompanhada. Várias vezes ela foi ouvida e perguntaram quem é o advogado, como se não soubessem", contou.
Faucz alega ainda que a acusação sabe não ter provas para a condenação de Flordelis e estaria tentando prejudicar a imagem da ex-deputada como estratégia para jogar a opinião pública contra ela. O depoimento da policial penal na 34ª DP (Bangu) faz parte de uma investigação sobre denúncias da defesa dizendo que Flordelis sofre com extorsões e ameaças dentro da cadeia.
"Essa investigação diz respeito a uma petição que os advogados da Flordelis protocolaram na delegacia questionando e pedindo que fosse apurado um possível crime de extorsão imputado a agentes penitenciários e a outras detentas. Basicamente, eles dizem que esses problemas carcerários que a Flordelis teve foram problemas forjados para que tentassem tomar o dinheiro dela. Está muito principiante essa investigação.
É algo muito preliminar. A gente ainda não sabe se o fato é real ou tentativa de tumultuar o processo", explicou o delegado Bruno Gilaberte.
Segundo a Seap, os policiais penais citados na denúncia de Flordelis foram removidos da unidade, de forma preventiva, no dia 19 de outubro. A secretaria acrescentou que ambos continuarão afastados até que a apuração seja concluída.
Em maio deste ano, Flordelis foi punida com isolamento após um celular ter sido encontrado na cela que a detenta estava. Ela teria usado o aparelho apenas uma vez para trocar mensagens com o atual namorado, Allan Soares, com quem se relaciona desde agosto do ano passado.
Julgamento adiantado
No início de agosto deste ano, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, decidiu antecipar o julgamento da ex-deputada Flordelis para o dia 7 de novembro, a partir das 9h. O júri estava marcado para começar no dia 12 de dezembro, mas teve a data alterada devido à realização das duas semifinais da Copa do Mundo da Fifa, nos dias 13 e 14. A ré é acusada de ser a mandante da morte do marido, o pastor Anderson do Carmo, e está presa desde agosto de 2021.
Além de Flordelis, serão julgados também, em novembro, os filhos Marzy Teixeira da Silva, André Luiz de Oliveira e Simone dos Santos Rodrigues, além da neta Rayane dos Santos Oliveira. Eles também são acusados da morte do pastor Anderson do Carmo, marido de Flordelis, executado a tiros em junho de 2019.

A antecipação do julgamento foi concedida a pedido da assistente de acusação. "Verifica-se que nos dias 13 e 14 de dezembro serão realizadas as duas semifinais da Copa do Mundo da Fifa, da qual poderá participar a seleção brasileira de futebol, gerando a possibilidade a restar a sessão de julgamento inviabilizada, diante da sua provável extensão por mais de um dia, inclusive, além da provável decretação de ponto facultativo, como se deu em oportunidades anteriores", escreveu a magistrada em sua decisão.