Grupo faz caminhada, na manhã deste domingo (6), pelo fim da violência contra a mulher no Aterro do Flamengo, na Zona Sul do RioPedro Ivo/Agência O Dia

Rio - O Grupo Mulheres do Brasil reuniu cerca de dezenas de pessoas, na manhã deste domingo (6), para realização de uma caminhada pelo fim da violência contra as mulheres e meninas no Aterro do Flamengo, na Zona Sul do Rio. Às 19h de sábado (5), o Cristo Redentor também aderiu ao movimento e foi iluminado com a cor laranja, que simboliza a identidade do movimento.
O Grupo Mulheres do Brasil é um movimento suprapartidário que luta para que as mulheres tenham protagonismo na política e demais espaços de poder. Durante a manhã, uma viatura da Maria da Penha, da Polícia Militar, e duas viaturas da Ronda Maria da Penha, da Guarda Municipal do Rio, acompanharam os ativistas na ação. Segundo a GM-Rio, a equipe também apoiou na montagem da estrutura e fizeram trabalho de conscientização com distribuição de folhetos informativos. A comandante da Ronda, líder Glória Maria Bastos também participou do evento. 
Mulheres adeptas ao movimento e que já foram vítimas de seus companheiros também marcaram presença. Lu Rufino, atual Miss Brasil Cadeirante, título recebido pelo movimento LGBTQIA+ em 2021, se tornou cadeirante em decorrência de problemas psicológicos desenvolvidos em um episódio de violência doméstica. "Depois de uma fatídica noite, há 8 anos, em que um ex-namorado não aceitou o término do relacionamento, eu desenvolvi problemas que travaram meu sistema nervoso. Portanto, eu tenho uma doença progressiva, que não tem tratamento", conta a ativista, que também é líder do Comitê Inclusão RJ - Grupo Mulheres do Brasil
Lu explica que perdeu os movimentos das pernas por conta desta doença e que usa sua história de vida para apoiar causas contra a violência doméstica e ajudar milhares de mulheres por todo o país. "Depois de passar pelo trauma, percebi que precisamos nos empoderar. Entrei na faculdade, me tornei advogada e agora faço mestrado em políticas públicas para mulheres. Também faço palestras pelo país todo, lutando contra a violência doméstica", diz.
Lu Rufino também criou a instituição Miss Brasil Cadeirante, onde recebe cerca de 50 mulheres cadeirantes. O grupo realiza desfiles, mostrando a beleza das mulheres deficientes. "Uma coisa que observamos é que a maioria dessas mulheres se tornaram cadeirantes por causa de alguma violência doméstica", diz a idealizadora do projeto.
Dados da violência contra a mulher
A violência contra as mulheres chama a atenção e gera grandes preocupações. Ao longo da vida, uma em cada três mulheres - cerca de 736 milhões de pessoas -, é submetida à violência física ou sexual por parte de seu parceiro ou violência sexual por parte de um não parceiro, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em 2020, primeiro ano da pandemia, foram registrados no estado do Rio de Janeiro quase 100 mil casos de violência contra a mulher (98.681). Desses, mais de 34 mil foram de forma física e outros 31 mil de forma psicológica. Houve também outros 23 mil casos de violência moral, 5,6 mil casos de violência sexual e 4,5 mil casos de violência patrimonial. Na Região Metropolitana do Rio, foram 22.846 vítimas de lesão corporal dolosa e 1.802 vítimas de ameaça.
O número de casos de feminicídio no estado apresentou aumento de 23% nos cinco primeiros meses do ano em 2022 em relação ao ano passado. De acordo com dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio, de janeiro a maio 52 mulheres foram mortas, dez a mais do que o registrado em 2021.

Apenas os meses de março e maio apresentaram regressão em relação aos mesmos meses do ano passado, sendo o mês de fevereiro o período com maior número de registros (19). Em relação a 2017, o número de casos de 2022 é 73% maior. Foram 22 casos a mais no comparativo.

Ainda segundo dados do ISP, também houve aumento no número de tentativas de feminicídio. Ao todo, 128 casos foram anotados de janeiro a maio desse ano. Já em 2022, foram 98 casos. O aumento no período foi de 30%.
Para Marilha Boldt, líder do Comitê de Combate à Violência contra Mulheres, 46% das mulheres vítimas de violência doméstica perdem seus empregos. "Precisamos incentivar as mulheres a buscarem sua independência econômica e psicológica para que possam tomar decisões a respeito de suas vidas de forma mais efetiva e parem de colocar suas vidas, por medo de deixarem seus filhos passarem fome ou por dependência emocional. No Grupo Mulheres do Brasil encorajamos as mulheres a se libertarem de seus agressores formando uma rota de fuga do relacionamento abusivo".