Marcos do Nascimento Tavares Carrero, de 19 anos, foi morto pelo 'tribunal do tráfico' da Vila Cruzeiro, na PenhaDivulgação

Rio – O pai de Marcos do Nascimento Tavares Carrero, de 19 anos, assassinado pelo "tribunal do tráfico" da Vila Cruzeiro, na Penha, na Zona Norte, está recebendo ameaças de morte por parte dos suspeitos do crime. Ele é testemunha da morte, ocorrida em 29 de agosto, quando Marcos, apontado como informante da polícia na comunidade, foi queimado por traficantes junto com outros dois amigos.
Marcelo Tavares Carreira recebeu, nesta segunda-feira (7), uma ligação de vídeo por uma rede social de bandidos exibindo armas e fazendo ameaças de morte para ele e a família. Os homens o chamaram de "X9" e "dedo-duro".
Em uma reunião ocorrida também nesta segunda-feira (7) entre a defesa de Marcelo, o advogado Wilian Ninck, e a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi decidido protocolar um pedido ao programa do governo federal Provita, de assistência e proteção a testemunhas, para garantir a integridade física de Marcelo.
A Justiça do Rio ainda decretou, nesta segunda-feira (7), a prisão dos quatro traficantes acusados de matar Marcos: Carlos da Costa Neves, o Gardenal, Pedro Paulo Guedes, o Urso ou Pedro Bala, Edgar Alves de Andrade, o Doca, e o chefe da maior facção criminosa do Rio, o traficante Wilton Carlos Rabello Quintanilha, mais conhecido como Abelha.
Cinco meses antes de ser brutalmente assassinado pelo "tribunal do tráfico" da Vila Cruzeiro, Marcos foi preso injustamente pelo roubo de um celular em Ipanema, na Zona Sul do Rio, enquanto caminhava pela orla com outros dois amigos.
Ele foi abordado por policiais militares por ter as características de um dos envolvidos no roubo a uma turista de São Luís do Maranhão, cerca de meia hora antes. As duas mulheres vítimas teriam apontado ele e outros quatro como possíveis responsáveis pelo crime. Só Marcos, Kawan dos Reis e um menor de idade foram detidos.

Marcos passou dois dias na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, até ter a decisão de soltura proferida por falta de provas.
Segundo o seu advogado Wilian, a audiência de custódia teve resultado esperado na época por conta dos antecedentes de Marcos, que participava de dois projetos sociais, um como instrutor de percussão na ONG Liga do Bem, onde estava há mais de dez anos, e o outro como aluno de teatro na ONG Arte Transformadora, também foram levados em conta na hora da decisão por sua liberdade.