Ex-deputada Flordelis em julgamento no Tribunal do Júri, em Niterói, na Região Metropolitana do RioBrunno Dantas/TJRJ

Rio - A terceira testemunha de acusação a depor nesta terça-feira (8), segundo dia de julgamento de Flordelis, também evitou falar na presença dela e dos demais réus. O filho afetivo da ex-deputada, Wagner Pimenta, batizado por ela como Misael, alegou questão familiar e emocional para poder prestar depoimento via videoconferência. O pedido também foi feito pela segunda testemunha de acusação do dia, o filho afetivo da ré, Alexsander Felipe Matos Mendes, conhecido como Luan.
Wagner começou a ser interrogado por volta das 18h15 e falou sobre as tentativas de envenenamento e assassinato contra o pastor Anderson do Carmo. Ele ainda relembrou que Flordelis quebrava comprimidos e os colocava na bebida do pastor.
"A minha mãe falava que ele não gostava de tomar remédio, por isso tinha que dissolver no suco dele, no suco de laranja. Ela dizia que se não dissolvesse, ele não iria querer tomar. Na minha cabeça, eu achava que poderia ser remédio para ansiedade e que ela não queria que isso fosse vazado para a igreja", disse.
Wagner também lembrou como entrou para a grande família construída por Flordelis. "Eu tinha 12 anos na época. Eu cheguei na casa, lá no Jacarezinho, por questão espiritual. Ela falou na época que eu era um filho espiritual e que iria mudar meu nome. Nisso ela falou: 'O Wagner morreu e meu filho espiritual Misael viveu'. Eu tinha um respeito muito grande pela liderança, pelo que ela representava", afirmou.
Ele também afirmou que Anderson do Carmo teve um relacionamento com a filha biológica de Flordelis, Simone Santos, ré pela morte do religioso: "O Anderson tinha cerca de 13 anos. Nós éramos a primeira geração. Eu, Anderson, André, Carlos e Alexsander. Ele chegou como filho da Flordelis, daí ele tomou a frente da família, sendo responsável e foi natural. Na época que ele fazia parte do grupo de jovens, eles [Anderson e Simone] foram namorados".
Em outro ponto do depoimento, o filho afetivo foi questionado pela promotoria sobre os momentos após o atentado contra Anderson. Na fala, ele voltou a dizer que desconfiava da tristeza demonstrada pela ex-deputada. "Eu conhecia ela, então eu vi que aquele choro dela não era um choro verdadeiro. Eu já vi algo estranho ali e meu coração fechou. Depois disso, não tive mais contato com ela", lembrou.
Falso testemunho
Por videoconferência, Wagner disse que Flordelis contava aos fiéis uma história mentirosa sobre a vida dele. O filho afetivo disse que a mãe criou a história que ele era envolvido com drogas quando ele tinha 16 para 17 anos. "Um dos meus tios é envolvido com o tráfico, mas eu não".
Segundo dia de julgamento com três atrasos
Por volta das 15h40, o alarme de incêndio do prédio onde ocorre a audiência, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, disparou e todos os presentes tiveram que sair da sala. Também foi necessário dar a segunda pausa do dia para que as atividades fossem normalizadas. A primeira aconteceu pouco antes de o alarme disparar.
No momento do disparo do sistema, o pastor Alexsander Felipe Matos Mendes, o Luan, era ouvido pelo Tribunal do Júri. Ele falava sobre uma gravação supostamente feita por Lorraine, neta de Flordelis, no início desse ano, em que ela tenta falar com ele sobre a morte do pastor. A reprodução do áudio também atrasou a fala da testemunha devido a problemas técnicos. Alexsander iniciou o depoimento por videoconferência às 13h20 e terminou cinco horas depois, às 18h.
A primeira testemunha de acusação do segundo dia foi o inspetor da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), Tiago Vaz de Souza, que atuou nas investigações quando o delegado Allan Duarte assumiu o caso. O depoimento dele começou com uma hora e meia de atraso, por volta das 10h30, desta terça-feira (8). Isso porque um dos acusados, André Luiz de Oliveiro, filho afetivo da pastora, não havia sido listado e precisou ser buscado na penitenciária para início da sessão.