Revoltados com problemas em trens, passageiros queimam objetos e colocam barreiras na linha férrea
De acordo com a SuperVia, a composição parou por volta das 6h30 próximo a estação de Quintino, na Zona Norte. Problema teve efeito cascata e atingiu também Deodoro
Manifestação na Estação Supervia Deodoro. Usuários revoltados lotam os ônibus para seguir viagem após fechamento da Estação. - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Manifestação na Estação Supervia Deodoro. Usuários revoltados lotam os ônibus para seguir viagem após fechamento da Estação.Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio - Um trem do ramal Santa Cruz, da SuperVia, apresentou problemas e parou, por volta das 6h30 desta quinta-feira (10), próximo à estação de Quintino, na Zona Norte, e vem causando transtornos na linha férrea. Depois de meia hora de espera, passageiros deixaram a composição e passaram a ocupar os trilhos. Na estação de Deodoro, atingida pelo efeito cascata, pessoas atearam fogo em pedaços de madeira e depredaram o local por conta dos atrasos e da falta de informações. Até o momento, mais de 50 estações estão fechadas e os ramais de Santa Cruz, Japeri e da extensão Paracambi estão suspensos.
Usuários do sistema atearam fogo em madeiras na linha férrea e colocaram obstáculos na via em forma de protesto, e com isso, os trens precisaram aguardar uma ordem para circular, mas o comando não aconteceu, gerando o caos em três ramais da concessionária. De acordo com a SuperVia, a circulação dos trens será normalizada assim que a via estiver totalmente liberada e, no momento, a empresa está fazendo o processo de restituição das passagens. O trem avariado foi retirado do local por volta das 9h50.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram populares andando até a estação de Quintino após o trem passar mais de 30 minutos parado, com as portas abertas e, de acordo com testemunhas, sem informações do que havia ocorrido.
Ainda de acordo com a SuperVia, por volta das 6h30, em função de uma ocorrência com um trem nas proximidades da estação Quintino, alguns trens aguardavam ordem de circulação. Os passageiros chegaram a descer na linha férrea, após acionarem o alarme dentro do trem. A equipe de segurança da empresa está investigando o motivo dele ter sido acionado. O Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) e a Polícia Militar foram acionados para as providências necessárias. Além disso, a concessionária reforçou que os passageiros devem respeitar as normas de segurança e não transitar na linha férrea, que é área exclusiva para a circulação dos trens.
Há registros de uma senhora que se sentiu mal e precisou deixar a composição carregada por outras pessoas por conta da confusão que se formou no local. Ainda não há informações sobre a causa da avaria no trem. A passageira Jandira Hortêncio, de 65 anos, contou que estava a caminho do hospital para uma internação e, devido a um problema na perna, não conseguiu andar na linha férrea.
"Eu peguei o trem do Santa Cruz, por volta das 05h13. Porém agora parou, mas não deram uma posição, tivemos que descer, eu e alguns passageiros, só que estou com dificuldades, tenho problema nas pernas, tenho um dedo amputado. Eu estou a caminho do hospital para fazer um cateterismo, para fazer uma outra cirurgia na perna. Então, quer dizer, não consegui andar, tentei, mas doeu muito e tive ajuda das pessoas me carregando na linha. Eu não consigo apoiar o pé", lamentou ela.
Jandira ainda reforçou que só conseguiu chegar até a estação por conta de outros passageiros e que não teve auxílio de funcionários da SuperVia no trajeto entre a composição e a estação. "Eu iria até a central, pegaria uma outra condução até o Hospital Pedro Ernesto. Eu estou indo me internar, estava previsto para às 8h. Não sei como chegaria aqui em cima se não fossem os outros passageiros, mas graças a Deus tem pessoas boas, me carregaram e me trouxeram até aqui."
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Maria José, usuária assídua do sistema, contou que o problema com atrasos é diário e que, por diversas vezes, a SuperVia não se responsabilizou pelos atrasos ou panes em composições. "O trem vinha vindo muito bem, no meio do caminho parou e o maquinista não avisou nada. O pessoal começou a descer na linha, caminhar e protestar. Todo dia é a mesma coisa com o ramal Santa Cruz. Não tem mais [trem] expresso, tiraram. E para a mídia, eles [ a SuperVia] falam que tem, mas não tem. Eu estou vindo de Sepetiba, indo para a Central do Brasil trabalhar. E por conta disso tenho que avisar patrão, gravar para mostrar. Hoje eles eram o bilhete, mas tem dia que não dão e não avisam nada. E aí quando protestamos, vem guarda, vem polícia, vem tudo", desabafou.
A Polícia Militar informou que agentes do (GPFer) estão no local e, segundo o comando da unidade, a ocorrência está em andamento. Por conta do problema, estão acontecendo atrasos em outras viagens do ramal Santa Cruz e Japeri, que passam pelo local e estão com intervalos irregulares. Segundo a PM, a situação já foi controlada pelos militares e não houve registro de prisões durante a ação.
O problema se estendeu até a estação de Deodoro, que precisou ter o funcionamento interrompido nesta manhã. Revoltados, passageiros que esperavam uma composição depredaram a estação, jogaram objetos na linha férrea e atearam fogo em pedaços de madeira. Segundo testemunhas, a falta de informações por parte da concessionária motivou as manifestações.
Nas redes sociais, usuários relataram que em diversas estações dos ramais de Santa Cruz e Japeri, os trens em direção a Central não passam desde às 7h e nada foi informado. Em uma publicação, a SuperVia informou que as partidas de trens paradores foram encerradas em Deodoro. Passageiros também informaram que na estação havia pelo menos três composições paradas aguardando liberação de circulação.
A SuperVia informou que o processo de reabertura das estações nos ramais afetados foi iniciado por volta de 12h40 e que os trens já voltaram a circular.
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