Maria Luiza, de 9 meses, foi vacinada na Clínica da Família Sérgio Vieira de Mello, no Catumbi, onde a mãe, Ana Clara Fonseca, trabalhaReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - "Eu estou muito aliviada de já estar começando a imunização dela contra a covid. É maravilhoso". A Agente Comunitária de Saúde da Clínica da Família Sérgio Vieira de Mello, no bairro do Catumbi, na região Central do Rio, Ana Clara Fonseca, não escondeu a emoção ao ver a filha, Maria Luiza Araújo, de 9 meses, que sofre com asma, recebendo a primeira dose da vacina contra a covid-19 na unidade, nesta quinta-feira (17). A menina é uma das crianças de seis meses a 2 anos com comorbidades ou deficiência contempladas pelo imunizante da Pfizer Infantil, exclusivamente no dia de hoje. 
"Espero que todos tenham essa sensação que eu tive, de estar aguardando ansiosamente a vacinação e ela estar começando a ficar imunizada. Eu tinha uma expectativa muito grande para chegar a vacinação para os bebês e, poder vacinar a minha filha como profissional de saúde, é um privilégio", celebrou Ana Clara. A vacinação acontece até às 17h desta quinta-feira e em apenas 131 unidades, se estendendo também para as idades de 3 e 4 anos, com comorbidades ou deficiência, que ainda não foram imunizadas, devido a falta de doses da CoronaVac, suspensa desde 26 de outubro. Nesta faixa etária, apenas 13% das pessoas estão totalmente vacinadas. 
A aplicação acontece somente em um dia por conta do baixo número vacinas. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, que acompanhou a vacinação na Clínica da Família Sérgio Vieira de Mello, há, aproximadamente, 12 mil crianças com comorbidades ou deficiência dentro do público elegível para receber a proteção, mas apenas 9.390 doses disponíveis. O imunizante será aplicado em três etapas, sendo a segunda em quatro semanas e a terceira em oito. 
"O Comitê Cientifico da Prefeitura do Rio de Janeiro recomendou que essa vacina fosse ampliada para todas as faixas etárias e não só para crianças com comorbidades. Mas, infelizmente, o Ministério da Saúde ainda não tomou essa decisão. A gente espera que o Ministério se programe para comprar vacina para todas as crianças de seis meses a 4 anos de idade", disse o secretário. 
A massoterapeuta Cleonice Pereira das Virgens também levou a filha Maria Augusta, de 1 ano e 8 meses para receber a primeira dose na unidade. A mãe contou que se sentiu mal durante toda a noite, mas criou forças para não deixar a filha portadora de Síndrome de Down sem a proteção de vacina. 
"Passei mal a noite toda, mas agora estou aqui e creio que depois da vacina ela vai ficar mais segura, vai proteger ela bastante. A gente ainda está em quarentena e agora eu fico mais segura de ir passear com ela, ir à praia. Eu tive uma crise de ansiedade e passei mal a noite toda, quase não vim, mas eu vi que realmente, como a Maria Augusta tem prioridade, é importante. Criei forças e vim. Eu acredito na ciência, na medicina e na fé. Estou aliviada e acredito que vamos vencer (a covid-19)", declarou a massoterapeuta. 
"É maravilhoso! Por causa do coronavírus, é bom a proteção de tomar a vacina. Eu tenho medo de sair com ele na rua, porque ele é assim especial, pequenininho, então é bom ele ter tomado a vacina. Agora vai melhorar, eu fico sem medo, aliviada", afirmou Valdenile Damasceno, mãe do pequeno Bernardo Damasceno, de 2 anos e 7 meses, que é portador da Síndrome de Down e foi imunizado na Clínica da Família do Catumbi. 
A estudante Tauane de Araújo Ramos levou a filha Milena, de 2 anos, junto com a mãe, Fabiana do Couto de Araújo, para a receber a vacina. A jovem contou que a menina, que tem paralisia cerebral e deficiência auditiva, está frequentemente no hospital e, por isso, viveu momentos de angustia desde o início da pandemia por conta da exposição dela à doença.
"A covid está pegando muitas crianças e ela com a imunidade baixa, a gente não sabe como ia ser se ela pegasse. Esse período (antes da vacina) foi angustiante, porque ela vive no hospital e toda hora é um caso de covid novo e a gente não sabe como reagir. A gente tenta proteger ao máximo, mas, sem uma vacina, como protege? E não usa máscara, tira a máscara toda hora, então não tinha uma proteção eficaz para eles", contou Tauane. 
Nas últimas semanas, o município do Rio vem registrando um aumento de casos do novo coronavírus. De acordo com o Painel Rio COVID-19, da prefeitura, a taxa de positividade está em 31% e há 163 pessoas internadas pela doença na rede pública, além de 18 na fila de espera. O secretário Daniel Soranz reforçou a importância de imunizar as crianças para reduzir o crescimento da covid-19 entre este grupo. 
"A gente tem um comportamento da doença muito diferente nas pessoas que tomaram a vacina e nas pessoas que não tomaram a vacina. O número de internações de crianças, percentualmente, aumentou muito, porque a população adulta, a maior parte dela já está protegida. Então, é muito importante que o Ministério da Saúde faça um planejamento para que compre vacina para todas as crianças de seis meses a quatro anos de idade", alertou o secretário, que voltou a lamentar o baixo número e a demora do Ministério da Saúde na entrega de doses. 
"É uma situação bastante difícil. A gente não tem a vacina da CoronaVac, que foi responsável por vacinar as crianças de 3 e 4 anos. O Ministério da Saúde negocia uma compra de CoronaVac para poder enviar aos municípios mas, nesse momento, a gente ainda não tem previsão. O Ministério passa por um momento muito difícil, em transição, com muito pouca resposta e um momento muito delicado para os técnicos de lá. Infelizmente, o que a gente vê é um vazio de informação. A gente insiste que esse governo ainda não acabou e é muito importante que eles deixem os processos de compra organizados para o próximo governo, para que a gente não tenha desabastecimento total de vacinas". 
Serviço
Unidades aplicando a vacina nesta quinta-feira: https://prefeitura.rio/wp-content/uploads/2022/11/Unidades_com-Pfizer-infantil.pdf