Cerca de 70 famílias participam da Ocupação Luiz Gama, em um prédio no Centro do Rio Divulgação
Representantes de ocupação em prédio no Centro se reúnem com Governo do Rio
Cerca de 70 famílias estão em um edifício abandonado desde a madrugada de quarta-feira
Rio - Representantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) se reúnem, na tarde desta quinta-feira (17), com o Governo do Rio. Desde a madrugada de quarta-feira, o grupo, batizado de Luiz Gama, ocupa um prédio na Rua Alcântara Machado, no Centro do Rio. São cerca de 70 famílias, incluindo seis crianças, dois bebês e 15 idosos. Nesta quinta, os ocupantes também atuam na limpeza e organização do espaço.
O primeiro dia de ocupação foi marcado pelo cerco da Polícia Militar. De acordo com a corporação, uma equipe do 5º BPM (Praça da Harmonia) foi acionada para "verificar um relato de concentração de pessoas e invasão de um edifício". Representantes do movimento denunciaram que os agentes estavam impedindo a entrada de comida e água.
Os integrantes informaram que as famílias voltaram a receber a doação de alimentos na noite de quarta. Entretanto, ainda não há liberação para outros materiais, como produtos de limpeza e higiene pessoal. De acordo com o MLB, o imóvel estava abandonado há anos e tem condições de receber os trabalhadores. Além disso, não haveria nenhum processo judicial que reivindique a retomada do prédio.
"Eles [PM] compraram uma briga que não era deles sem necessidade nenhuma, não há interesse do proprietário. Não oferecemos riscos, deixamos claro que são famílias que precisam de moradia", disse Paula Guedes, integrante do MLB.
O movimento recebeu o apoio das vereadoras Monica Benicio (Psol) e Luciana Boiteux (Psol); dos deputados Waldeck Carneiro (PSB), Flávio Serafini (Psol), Renata Souza (Psol), Dani Monteiro (Psol) e Glauber Braga (Psol); e do advogado dos Direitos Humanos e ex-procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, Rodrigo Mondego.
A Ocupação Luiz Gama recebe esse nome em homenagem ao advogado, jornalista, escritor e um dos maiores abolicionistas do país, que ajudou a libertar mais de 500 negras e negros escravizados e lutou a vida toda pelo fim absoluto da escravidão.
Famílias estavam na ocupação do prédio da Faperj
Segundo o MLB, as famílias são as mesmas que saíram do prédio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), na Rua da Alfândega, no Centro do Rio, em junho do ano passado, com a promessa de receberem auxílio moradia do Governo do Estado.
No entanto, o movimento reconhece que, ao contrário da Ocupação Luiz Gama, o prédio da Faperj tinha respaldo judicial para ser desocupado.
Sobre o auxílio para as famílias, o Governo do Rio disse que "vai iniciar a construção dos imóveis assim que a Prefeitura do Rio disponibilizar o terreno na região, como ficou acordado. O governo segue em diálogo com as famílias".
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