Eu vou guardar do meu irmão só coisas boas, disse o irmão de Lorinaldo, Francisco MonteiroReginaldo Pimenta/Agência O Dia
Pedreiro morto em desabamento na Rocinha pretendia visitar familiares na Paraíba no fim do ano
Lorinaldo Costa Monteiro, 55, celebraria o Natal e o Ano Novo no estado em que nasceu. Vítima morava há 27 anos na comunidade da Zona Sul do Rio
Rio - Os planos de Lorinaldo Costa Monteiro, de 55 anos, para visitar familiares na Paraíba durante as celebrações de Natal e Ano Novo deste ano, foram interrompidos pelo desabamento de um prédio de cinco andares que tirou sua vida, nesta quinta-feira (17), na favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. De acordo com parentes que estiveram no Instituto Médico Legal (IML), nesta sexta-feira (18), para a liberação do corpo, o pedreiro já estava com a passagem comprada para a viagem que faria nas festas de fim de ano.
A vítima trabalhava há dois dias na obra do imóvel, na Travessa Luz, na descida do Largo do Boiadeiro, quando a construção desmoronou e ele ficou preso nos escombros. De acordo com o irmão, Francisco Monteiro, 59, Lorinaldo vivia na Rocinha há 27 anos, onde alugava casas, costumava fazer serviços como eletricista, mas não tinha muita experiência como pedreiro. No relato, o familiar afirmou acreditar que ele tenha derrubado uma parede do imóvel, provocando o desabamento, e que o homem chegou a ser alertado sobre os riscos.
"Ele foi fazer esse serviço na casa desse rapaz, foi derrubar uma parede e deve ter mexido na estrutura do prédio e foi abaixo. Falta de experiência, de alguma pessoa orientar ele de que não pode derrubar parede assim, que é perigoso, porque ele tinha pouca noção disso, talvez. Meu cunhado chegou a avisar para ele que era perigoso fazer isso, que tinha que botar uma escora, mas ele não se importou, pensando que não ia cair", lamentou o irmão.
Segundo um familiar, que também estava no IML e preferiu não se identificar, a família que morava no imóvel gostava muito da vítima e ficou muito abalada com sua morte. Ele disse que não sabe para onde eles foram após o desabamento e lamentou a situação, lembrando que o marido da dona da casa está internado há dias por problemas de saúde. De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, uma equipe da 2ª Coordenadoria de Assistência Social (2ª CAS) prestou atendimento socioassistencial às famílias do pedreiro e da que vivia no prédio. No local, residiam três adultos, que estão desalojados, e preferiram não ir para acolhimento institucional, ficando na casa de parentes.
O desabamento aconteceu por volta das 8h e militares do quartel do Humaitá, do Grupamento de Busca e Salvamento da Barra e do Serviço de Operações com Cães do 2° Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente (2° GSFMA) atuaram nas buscas. Lorinaldo foi localizado em meio aos escombros durante a tarde, mas já estava sem vida. Por conta do desabamento, alguns vizinhos precisaram ser removidos de suas residências, que foram interditadas, para evitar novos desmoronamentos.
A vítima deixa esposa, dois filhos e dois netos. Até às 11h, o corpo do pedreiro não havia sido liberado do IML. "Eu vou guardar do meu irmão só coisas boas dele. Meu irmão era muito bom. Ele bebia as cervejas dele, era trabalhador, fazia as coisas dele todas direito, tudo bem feito. Para sempre eu vou ficar com a lembrança dele, nunca vou esquecer dele", desabafou Francisco. Ainda não há informações sobre o sepultamento de Lorinaldo.
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