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Despedida a Erasmo Carlos reúne amigos e familiares no Memorial do Carmo
Cantor faleceu aos 81 anos nesta terça-feira
Rio - O corpo de Erasmo Carlos está sendo velado na suíte presidencial do cemitério Memorial do Carmo, no Caju, nesta quarta-feira. A cerimônia é restrita aos familiares, que não divulgaram detalhes sobre a despedida, e amigos próximos do cantor, que morreu aos 81 anos nesta terça-feira, no Rio de Janeiro. Viúva do Tremendão, Fernanda Pessoa chegou ao local por volta de 14h30. Abalada, ela chorou muito e foi consolada pelo filho do artista, Leonardo Esteves. Duas horas depois, o outro filho do cantor, Gil, chegou ao velório para dar o último adeus ao pai.
A cantora Rosemary foi uma das artistas que esteve no cemitério para se despedir de Erasmo, e falou com carinho sobre o amigo. "Sempre foi uma pessoa generosa, doce, poeta, gentil", enumerou ela, que admitiu ter sido pega de surpresa com a notícia da morte do cantor. "Levei um susto ontem. Nem sabia que ele tinha voltado para o hospital. Quase caí dura pra traz". A artista ainda citou como se sente. "É um vazio muito grande. Erasmo era um poeta, sabia fazer letras maravilhosas, músicas... Gravei letras dele, tantos sucessos que ele me deu".
Marisa Monte também compareceu ao local, exaltou o talento de Erasmo e a beleza das músicas escritas por ele. "Ficam canções lindas pra gente se manter conectado com ele através do amor, arte, poesia, do imaginário e das coisas que ele ensinou pra gente", afirmou a artista, que relembrou momentos com o Tremendão. "Sempre encontros com muito afeto, carinho. O Erasmo era muito amoroso, um exemplo de artista e ser humano".
De máscara, Roberto Carlos chegou ao local do velório, por volta das 17h, para se despedir do amigo e parceiro musical. Na noite de terça-feira, o Rei não escondeu a tristeza ao lamentar a morte de Erasmo: "Minha dor é muito grande, nem sei como dizer tudo o que eu penso desse meu amigo querido, meu grande irmão", disse o cantor, em postagem no Instagram.
Rita Lee, Ana Furtado, Boninho, Jorge Ben Jor, Bruno de Luca e os grupos Detonautas e The Fevers enviaram coroas de flores ao local. Como os fãs não podem participar do velório do artista, em um comunicado, a equipe do Tremendão pediu aos admiradores do cantor para que ele seja lembrado com suas músicas. "Quem quiser homenageá-lo, escute suas músicas, suas mensagens. Nada o faria mais feliz e amado!".
Um dos maiores nomes da música brasileira, Erasmo havia sido internado por conta de uma síndrome edemigênica no Hospital Barra D'Or, na Zona Oeste do Rio, no dia 17 de outubro, mas recebeu alta no dia 2 de novembro. De acordo com informações da unidade de saúde, o artista voltou a ser internado no mesmo dia, com um quadro de paniculite complicada por sepse de origem cutânea. A doença é caracterizada pela inflamação da camada de gordura que fica abaixo da pele. Nesta terça-feira, o cantor faleceu.
Erasmo deixa a mulher, Fernanda Passos, com quem se casou em 2019, e dois filhos: Gil e Leonardo, frutos do casamento com Sandra Sayonara Saião Lobato Esteves, a Narinha, que morreu em 1995. O veterano já havia perdido o filho do meio, Alexandre, também do relacionamento com Nara. O jovem teve morte cerebral após um acidente de moto, em 2014.
Legado na música
Erasmo Carlos deixa um enorme legado para a música brasileira. O cantor, compositor e instrumentista foi um dos pioneiros do Rock no Brasil. Nascido e criado na Tijuca, na Zona Norte do Rio, Erasmo Carlos aprendeu a tocar violão com Tim Maia. Ele chegou a fazer parte de um grupo que contava com Tim Maia e Roberto Carlos, mas a banda chegou ao fim após um desentendimento entre o Síndico e o Rei.
Depois, Erasmo foi arranjar trabalho como assistente do apresentador e produtor Carlos Imperial - por intermédio de quem viria a tornar-se crooner do grupo Renato & Seus Blue Caps, em 1962. Com Erasmo dividindo os vocais com o baixista Paulo César, Renato & Seus Blue Caps publicaram seu primeiro LP para a Copacabana. Não muito depois, os Blue Caps acompanhariam Roberto Carlos na gravação de "Splish Splash", numa versão para o português feita por Erasmo. O sucesso do disco garantiu não só a contratação de Renato & Seus Blue Caps pela CBS, como também o nascimento da lendária parceria entre Roberto e Erasmo.
Ao lado de Roberto Carlos e Wanderléa, Erasmo Carlos foi um dos principais símbolos da Jovem Guarda, movimento musical dos anos 1960 e 1970. A Jovem Guarda agrupou as influências do pop britânico e ganhou popularidade definitiva a partir de setembro de 1965, quando a TV Record estreou o programa "Jovem Guarda".
Apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderléa em São Paulo por três anos seguidos, o programa deu visibilidade para que Erasmo e Roberto se tornassem os principais nomes e também compositores do movimento.
Influenciado pelo movimento tropicalista e pela música negra americana, Erasmo cravou uma sequência antológica de discos durante toda a década de 70, como “Carlos, Erasmo...” (1971), “Sonhos & Memórias 1941-1972” (1972) ou “Pelas Esquinas de Ipanema” (1978). Tal fase desembocaria, já no início dos anos 80, em período de grande sucesso comercial, com os discos “Erasmo Carlos Convida...” (1980), “Mulher (Sexo Frágil)” (1981) e “Amar Pra Viver ou Morrer de Amor” (1982).
Em 2001, o cantor completou 60 anos e lançou seu 22º disco, “Pra Falar de Amor”.. O show desse álbum foi lançado depois em CD e DVD. Erasmo vinha rodando o Brasil com as apresentações de "O Futuro Pertence À... Jovem Guarda" e, este mês, ganhou o Grammy Latino na categoria de "Melhor Álbum de de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa" por conta deste trabalho.
Apesar de ter se mudado da Tijuca para São Paulo aos 22 anos de idade, a relação de Erasmo Carlos com o bairro carioca ficou eternizada na música "Turma da Tijuca", mesmo nome que se deu ao grupo de artistas que iniciou sua carreira na região. Nesta terça-feira, a morte do cantor foi lamentada pelo presidente da Associação de Moradores Nova Tijuca, Jaime Miranda: "Ele sempre deu valor, sempre lembrava que era tijucano. Muito triste", disse.
Influenciado pelo movimento tropicalista e pela música negra americana, Erasmo cravou uma sequência antológica de discos durante toda a década de 70, como “Carlos, Erasmo...” (1971), “Sonhos & Memórias 1941-1972” (1972) ou “Pelas Esquinas de Ipanema” (1978). Tal fase desembocaria, já no início dos anos 80, em período de grande sucesso comercial, com os discos “Erasmo Carlos Convida...” (1980), “Mulher (Sexo Frágil)” (1981) e “Amar Pra Viver ou Morrer de Amor” (1982).
Em 2001, o cantor completou 60 anos e lançou seu 22º disco, “Pra Falar de Amor”.. O show desse álbum foi lançado depois em CD e DVD. Erasmo vinha rodando o Brasil com as apresentações de "O Futuro Pertence À... Jovem Guarda" e, este mês, ganhou o Grammy Latino na categoria de "Melhor Álbum de de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa" por conta deste trabalho.
Apesar de ter se mudado da Tijuca para São Paulo aos 22 anos de idade, a relação de Erasmo Carlos com o bairro carioca ficou eternizada na música "Turma da Tijuca", mesmo nome que se deu ao grupo de artistas que iniciou sua carreira na região. Nesta terça-feira, a morte do cantor foi lamentada pelo presidente da Associação de Moradores Nova Tijuca, Jaime Miranda: "Ele sempre deu valor, sempre lembrava que era tijucano. Muito triste", disse.
Além disso, Erasmo foi torcedor apaixonado pelo Vasco da Gama e se consagrou como vascaíno entusiasmado ao escrever a canção "Nosso Vasco Campeão". "É com profundo pesar que recebemos a notícia do falecimento do ilustre Vascaíno e símbolo da música brasileira, Erasmo Carlos. 'Sai da frente, que o nosso Vasco vai passar...' Sabemos que sempre estará conosco. Descanse em paz, Tremendão", lamentou o perfil oficial do clube.