O congresso em que iniciativa foi apresentadaDivulgação

Rio - O Instituto Expo Religião irá inaugurar, no segundo semestre deste ano, um projeto para acolhimento e empregabilidade de pessoas em situação na cidade do Rio. A "Casa do Acolhimento" vai funcionar no Centro, região da cidade que responde pela maior parcela de pessoas que vivem nas ruas: 19,8% de um total de 7.272 recenseados em levantamento da Prefeitura do Rio, feito em 2020.

Segundo Luzia Lacerda, jornalista e diretora-responsável pelo Instituto Expo Religião, a "Casa do Acolhimento" depende ainda de questões documentais, como expedição de alvará, para iniciar as atividades, que irão acontecer em endereço ainda a ser divulgado. Além do acolhimento, o local também vai oferecer cursos nas áreas de Beleza e Carpintaria.

"São as áreas que permitem uma inserção mais rápida no mercado de trabalho, para que, assim, as pessoas possam sair da situação de rua. Já estamos com as parcerias estabelecidas para oferecer as aulas e vamos intermediar também a contratação após a conclusão das aulas. Serão três meses de acolhimento no total: dois de curso e mais um mês após a contratação da pessoa, para recebimento do primeiro salário para que possa arcar com um aluguel e sair das ruas", explica Luzia.

Segundo ela, foram mapeadas um total de 1.700 pessoas, no Centro e no Recreio dos Bandeirantes. Desse grupo, serão selecionados os participantes do projeto a partir de algumas prioridades, como estar com toda a família na rua, inclusive crianças, e algum grau de capacitação que possam ajudar na empregabilidade.

"As famílias com crianças na rua são a nossa maior preocupação neste contexto, porque elas são instadas a fazer coisas que rendem dinheiro mas que estão associadas a crimes. E, caso se recusem, podem sofrer represálias. Nas ruas, as crianças estão totalmente vulneráveis", diz Luzia.

A proposta da "Casa do Acolhimento" surgiu durante as lives que acontecem às quartas-feiras, às 20h, no canal Expo Religião no YouTube. A live "Diálogo pela Paz" foi criada por iniciativa do arcebispo do Rio Dom Orani Tempesta e reúne representantes de 28 segmentos religiosos. O projeto foi lançado em setembro do ano passado, durante o 1º Congresso Inter-Religioso Internacional, no Hotel Prodigy, no Centro

"O cuidado com as pessoas em situação de rua está relacionado a uma das principais máximas das religiões: amar o próximo como a ti mesmo".
Maior concentração é no Centro
Segundo a Prefeitura do Rio, o Censo da População em Situação de Rua de 2022 está em fase final de processamento, ainda sem data para divulgação. Os últimos dados, que são de 2020, mostraram 7.272 pessoas vivendo em situação de rua na cidade. A maior concentração está nos bairros do Centro (19,8%), Copacabana (6,4%) e Lapa (3,3%). A maior parcela é da população negra: 76,2% ou 5.539 pessoas. Já em relação à faixa etária, o número maior de casos, 65,7%, está entre 18 e 49 anos de idade. Em relação às crianças e jovens, são 112 crianças de até 11 anos e 220 adolescentes de 12 a 17 anos vivendo nas ruas.
Intolerância religiosa

Ainda no congresso em setembro, a Expo Religião apresentou dois projetos de Lei, a nível estadual e federal, para mudanças nas penas de crimes de racismo e intolerância religiosa. Ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado André Ceciliano, foi entregue um texto que prevê o pagamento de indenização financeira às vítimas, com uma parte a ser revertida ao poder público para a realização de campanhas de conscientização. Já a nível federal, um projeto de Lei foi entregue à deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) com proposta para um aumento.

"Esperamos que esses projetos sejam colocados em votação na Alerj e no Congresso Nacional agora após o recesso parlamentar".