Por luana.benedito
Rio - As eleições municipais de 2016, o baque sofrido pelo PT em todo o país roubou a cena. Das dez prefeituras que o partido comandava no Rio, só restou uma: a de Maricá, na Região Metropolitana, onde Washington Quaquá conseguiu eleger o sucessor, Fabiano Horta. O sucesso eleitoral na cidade, que se transformou numa espécie de trincheira de resistência petista no estado, é garantido por uma série de projetos sociais implantados nos últimos anos — que, no fim das contas, se mostraram mais relevantes eleitoralmente que as acusações de abuso de força política por Quaquá, presidente regional do PT.
‘Vermelhinhos’ transportam passageiros no município de graça%3A elogio da população e resistência das empresasDivulgação

Em 2014, Maricá se transformou na primeira cidade do Brasil com mais de 100 mil habitantes a oferecer ônibus gratuito para a população: os “vermelhinhos” de Quaquá, comandados pela Empresa Pública de Transporte (EPT).
O projeto enfrenta resistência especialmente das empresas Nossa Senhora do Amparo e da Costa Leste, que comandavam o transporte na cidade antes das linhas gratuitas. Elas já conseguiram até, por meio de liminar da Justiça, bloquear o serviço temporariamente.

Outra inovação é a Moeda Social Mumbuca, espécie de dinheiro eletrônico interno criado em 2013 com o intuito de diminuir a pobreza. O cartão só funciona em estabelecimentos da cidade e ajuda a movimentar a economia local. Tanto que é controlada pela Secretaria de Economia Solidária e Combate à Pobreza.

Hospital

Uma das maiores reclamações dos maricaenses sempre foi — e ainda é — a saúde pública: o Hospital Municipal Conde Modesto Leal é alvo de críticas dos moradores. A solução encontrada por Quaquá foi a construção de uma nova unidade, em São José do Imbassaí. Batizado de Dr. Ernesto Che Guevara, em homenagem a um dos líderes da revolução cubana, o novo hospital está em fase de obras e planeja ter pronto-atendimento 24 horas e diversos outros serviços médicos.

Quaquá também deu nome de outros ídolos da esquerda a projetos da cidade. Em 2015, foi inaugurado o Centro de Cidadania e Cultura Popular. A sigla, CCCP, é a mesma da antiga União Soviética, em russo.
Publicidade
Na ocasião, Quaquá apresentou o projeto para síndicos do Condomínio Carlos Marighella, do programa federal Minha Casa Minha Vida. Marighella foi guerrilheiro e fundador da Aliança Libertadora Nacional (ALN).
Símbolo de resistência, chegou a ser considerado ‘inimigo número 1’ da ditadura militar brasileira. Há também o Centro Popular Henfil, cinema público que ganhou o nome do notório cartunista de esquerda.