Por luana.benedito
Rio - De pouco mais de dez anos para cá, o Volta Redonda passou a ter presença marcante no Campeonato Carioca. Seja pelas boas campanhas, incomodando os quatro grandes do Rio, ou pelo Estádio Raulino de Oliveira, que serve de casa para os órfãos do Maracanã em tempos de interdições, o amarelo e o preto do Voltaço estão sempre lá, radiantes no Vale do Paraíba. Este ano, o clube chega à disputa estadual como campeão da série D do Brasileiro, primeiro título nacional em 40 anos de vida.

A história do Voltaço e do Raulino, no entanto, é mais antiga. E remete, assim como a biografia da própria cidade, ao ex-presidente Getúlio Vargas. Em 1941, já inclinado para o lado vencedor da Segunda Guerra Mundial — o dos Aliados, que se opunham à Alemanha nazista —, o ‘Pai dos Pobres’ iniciou a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que forneceria aço para companheiros de guerra e ajudaria no desenvolvimento interno. A CSN foi inaugurada em 1946.

Torcida cada vez mais feliz com o desempenho do Voltaço nos camposDivulgação

Construído pela CSN no final dos anos de 1940 e inaugurado em 1951, o Raulino de Oliveira era o nome do general presidente da siderúrgica. Por pouco mais de duas décadas, teve capacidade modesta, para 5 mil torcedores, suficiente apenas para disputas entre os pequenos times locais.

Mas, em 1975, quando se concretizou a fusão entre os estados do Rio e da Guanabara, o interior precisava de times fortes para o estadual. Nascia, em 1976, o Volta Redonda Futebol Clube. A agremiação precedeu a expansão do Raulino, que passou a acomodar 20 mil pessoas. “Boa parte dos serviços públicos de Volta Redonda foi criada pela CSN. A partir da década de 1970, eles passam a ser geridos pela prefeitura”, explica o historiador Andre Franklin Palmeira, cuja dissertação de mestrado esmiuçou a ‘nova face’ da Cidade do Aço, a partir de 1997, sob o comando do prefeito Antônio Francisco Neto.

Em 2004, o Raulino modernizou-se. Virou Estádio da Cidadania, com serviços de saúde, educação e lazer à população. Sempre ligada à siderúrgica, a cidade passou a ser relacionada ao futebol, com jogos de Flamengo, Fluminense e Botafogo no local quando o Maraca passava por obras.
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“A reconstrução vem da transformação de uma cidade operária em uma cidade cosmopolita, aberta a novidades. Para mim, foi a principal construção que tentou ressignificar a cidade”, aponta Andre Franklin Palmeira.
Das críticas à Taça Guanabara
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A ressignificação da cidade e a mudança do estádio propiciaram um Voltaço forte. Em 2005, a equipe conquistou pela primeira vez a Taça Guanabara e disputou a final do Carioca contra o Fluminense, quando foi derrotada em partida polêmica. “Foi uma passagem marcante. Eu tinha 36 anos, e muitos críticos diziam que seria um fiasco”, conta Túlio Maravilha, artilheiro daquele campeonato pelo Voltaço. Na ocasião, ele colou na parede de casa uma coluna de jornal que o subestimava. “Para servir de inspiração, uma coisa meio Rocky Balboa”, brinca. Para esta temporada, 13 campeões da série D continuam no elenco, que foi reforçado por nomes do Botafogo e do Cruzeiro.
Reportagem do estagiário Caio Sartori