Por luana.benedito

Rio - Uma sobremesa de nome esquisito, que virou um clássico nas montanhas do Sul Fluminense, está completando 30 anos. É famosa bomba inatômica. Um doce de Visconde de Mauá, feito com massa assada de chocolate, com cobertura de caramelo e granulado de chocolate, que leva quatro tipos de recheios de frutas — banana, maçã, abacaxi e morango.

O mimo foi inventado pelo casal Donald Herdiman, um americano, e pela mineira Marli Lima. Na década de 1980, os dois rodavam o país numa ‘motor-home’ em busca de um autêntico ‘paraíso’ para morar e criar filhos.

“Encontraram Mauá, onde vivem desde 1987, e onde fui criado, com mais dois irmãos, só com a venda de bomba inatômica”, orgulha-se Gabriel Soares Hardiman, de 26 anos, que herdou recentemente dos pais a famosa receita da guloseima. É ele agora quem toca os negócios da família, mas sem esquecer o início da história da iguaria que é encomendada até por turistas estrangeiros.

Inventada pelo casal Donald Herdiman e Marli Lima%2C na década de 1980%2C a bomba é vendida nos sabores banana%2C maçã%2C abacaxi e morangoDivulgação

De acordo com Gabriel, Donald e Marli foram misturando ideias e conceitos culinários de suas origens. Primeiro passaram a comercializar uma rosca frita, de nome Donuts. Mas a intenção era colocar no mercado algo mais saudável. “Então, eles decidiram assar a massa e, com o tempo, foram introduzindo as frutas. A primeira foi a banana”, detalha Gabriel.

A então descoberta foi batizada de bomba inatômica, graças ao comentário de um dos clientes assíduos. “Ele dizia que o doce lembrava uma bomba de padaria, mas era mais sofisticada, mais leve, com uma explosão apenas de sabores inigualáveis. E sugeriu o nome, que acabou se alastrando de boca em boca entre os moradores da região e visitantes”, conta o empresário, que, por mês, confecciona pelo menos mil unidades de forma artesanal.

Nos restaurantes, pousadas e hotéis de Visconde de Mauá, a bomba inatômica é campeã absoluta no quesito sobremesa. “É quase uma obrigação vir a Mauá e comer as bombas. Virou uma espécie de pedaço da história da culinária da região”, diz Jefferson Silva Reis, gerente de uma pousada no Centro da Vila de Mauá.

“Nunca comi nada igual. Faço questão de levar um estoque para casa”, entrega a estudante de Odontologia Jamile Santos Luz, de 21 anos, que costuma sair de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, para passear com o noivo, Mariano Lopes, 25, em Visconde de Mauá.

Bomba remete às boas lembranças

E qual a quantidade de calorias que cada bomba inatômica carrega? “Não sei precisar. Mas, depois de um bom passeio pelas montanhas, está todo mundo liberado pra comer ao menos uma”, garante Gabriel Hardiman, lembrando que o doce leva ainda canela importada nas bombas de maçã e banana. Para acompanhar a degustação, o ideal, segundo ele, são sucos naturais, água com gás ou até mesmo um bom rum.

No comércio local, a bomba inatômica é vendida em torno de R$ 8. “O que mais nos agrada é ouvir das pessoas muitas histórias que têm a bomba como uma referência de seus tempos de Mauá, Maromba e Maringá. Dizem que, ao saborear o doce, lhes vêm inúmeras lembranças boas da região. Isso é o que mais nos gratifica”, comenta Gabriel Hardiman.

Visconde de Mauá é uma vila que pertence à cidade de Resende, na Serra da Mantiqueira. Quem quiser dar um passeio por lá, saindo do Rio, deve pegar a Via Dutra até Penedo. De Penedo até Mauá são pouco mais de 30 quilômetros de distância. A estrada não está bem cuidada, mas dá para chegar sem maiores sustos. Visconde de Mauá é a maior vila da região, onde há mais moradores. Maringá é o centro comercial e gastronômico, e Maromba, o ‘point’ de cachoeiras.

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