Explosão em posto de São Pedro acende alertaAnna Clara Laurindo (RC24h)

Pelo segundo ano consecutivo, desde o início da pandemia, o número de automóveis convertidos para receber o Gás Natural Veicular (GNV) cresceu no primeiro semestre de 2022. Esse aumento, que significa cerca de 70 mil adaptações nos primeiros seis meses deste ano, pode ser visto como efeito do constante aumento dos preços da gasolina e do etanol no período.
O número da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) é 74% maior que o registrado no primeiro semestre de 2020. Em 2021, primeiro ano da alta do preço dos combustíveis, o aumento no mesmo período havia sido de 86,65%. No estado do Rio de Janeiro, onde a recorrência desse tipo de acidente assusta, os veículos com GNV instalado pagam 62,5% a menos pelo imposto, então acaba sendo visto como uma vantagem por muitos motoristas.
Porém, mesmo com os benefícios de possuir o kit gás, o elevado número de acidentes graves acende alerta para um risco cada vez mais constante no trânsito: a falta de fiscalização que permite que veículos que não realizaram a inspeção veicular obrigatória, colocando em risco a vida de motoristas, passageiros, frentistas e pedestres.
Desta vez, uma explosão ocorrida nesta quinta-feira (11), em São Pedro da Aldeia, deixou feridos graves. Um frentista, de 21 anos, foi atingido e teve as duas pernas decepadas na hora. Já o motorista do carro, de 28, sofreu uma laceração de crânio e rosto. Um agente da Guarda Civil Municipal também ficou ferido após ser atingido por uma roda de caminhão que se soltou, quando verificava o incidente.
O Dia conversou com o engenheiro Mecânico e perito em Trânsito, Rodolpho Barbosa, que explicou que o descaso com os procedimentos de segurança não são respeitados. Segundo ele, para um acidente desta magnitude de fato acontecer, na maioria das vezes é mais de uma coisa errada, pois a engenharia prevê o erro e trabalha com o coeficiente de segurança.
“Um exemplo bem simples, se você tem um material e está previsto para colocar um peso de 10 quilos nele, a resistência vai precisar ser de 12 quilos – é a margem de erro”, explica ele, e continua dizendo:
“Na questão do cilindro de gás, as normas preveem uma magnitude maior de periculosidade e a margem de segurança é muito elevada”.
MAIORES CAUSAS DE EXPLOSÃO
De acordo com Rodolpho, a questão da fiscalização precária na época da pandemia acabou atrapalhando bastante a questão da vistoria do cilindro e, por diversas questões, muitos motoristas também optaram por buscar oficinas clandestinas para a instalação do kit, dando o famoso “jeitinho” mais barato.
Outro fator que pode causar acidentes é no momento em que o frentista faz as verificações. Antes do abastecimento, o profissional precisa observar o manômetro do GNV, aterrar o veículo e verificar o selo do cilindro. Ele também precisa exigir que os passageiros saiam e se afastem dos veículos, nunca ficando na parte de trás – lugar mais perigoso durante o abastecimento.
“Neste pequeno “teatro” que é a questão do abastecimento, o motorista tem que, primeiramente, acompanhar as vistorias do carro, tudo precisa estar em dia. No posto, ele tem que desligar o carro, acionar o freio de mão e desligar todos os equipamentos e luzes, além de abrir porta-malas. Isso tudo antes de abastecer”, diz o engenheiro.
HÁBITO PERIGOSO
Rodolpho destaca um detalhe importante antes mesmo de chegar na bomba de abastecimento, ainda na fila, que é se afastar do carro da frente. Com a pressa, o mais comum é todos os carros colarem um no outro no posto, para esperar a vez. Porém, essa também é uma ação perigosa pois, se o carro da frente explodir, é bem provável que recaia sobre o que está na traseira. Então, dar uns metros de distância na fila é o esperado.