Rio - Dor e revolta se misturaram no enterro de Maria Louise, de apenas 8 meses, neste sábado, no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Em meio à tristeza, familiares e amigos aplaudiram e gritaram por justiça. A menina morreu no atropelamento coletivo na noite de quinta-feira na Praia de Copacabana.
Abraçada ao caixão, Niedja Araújo da Silva, 24 anos, não parava de chorar. "Quero meu bebê de volta, minha menininha, meu neném. Minha Maria, minha filha, minha vida acabou, como vou voltar pra casa sem ela? Todo lugar tem o jeitinho dela".
Num desabafo, o pai de Maria Louise, Darlan Rocha, 27 anos, voltou a criticar a legislação que permitiu a soltura do motorista que atropelou 17 pessoas. "Estou acabado! Acabou com a minha vida. O que esse monstro fez é inexplicável. E ele está solto aí na rua. Isso não pode ficar impune. Cadê a Justiça desse país para parar este cara? Daqui a pouco ele vai fazer outra vítima. A justiça tem que ser feita de qualquer forma".
Outras 17 pessoas foram atropeladas. Dentre elas, oito permanecem internadas em dois hospitais municipais. O australiano Daniel Marcos Philips, 68, está em estado grave no Hospital Miguel Couto.
AÇÃO NA JUSTIÇA
Antonio de Almeida Anaquim, 41 anos, motorista responsável pelo atropelamento, vai responder em liberdade por homicídio culposo (sem a intenção de matar). Mas, o advogado Carlos Nascimento, da Igreja Assembleia de Deus, que está prestando assistência à família disse que vai acompanhar de perto o caso na Justiça e pedir que a acusação contra o atropelador seja alterada para dolo eventual.
"Foi precoce o indiciamento do atropelador por homicídio culposo. Por ter mentido em documento público e ao Detran sobre sua condição de saúde ele assumiu o risco de matar pessoas inocentes".