Investigação contra Witzel lança dúvida sobre futuro de hospital de campanha em Campos
Governador garantiu a Rafael Diniz, antes de a operação da PF ser deflagrada, abertura da unidade em meados de junho; prefeito havia elevado tom de cobrança na semana passada
Por Leonardo Maia
Campos — A operação da polícia federal que investiga crimes de corrupção na construção dos hospitais de campanha do governo estadual —e tem como um dos alvos o governador Wilson Witzel — lançou mais uma carga de dúvidas sobre o futuros dessas unidades nas cidades onde elas ainda não entraram um funcionamento. Campos é uma delas, e onde a implantação desse hospital de emergência para combate à pandemia do coronavírus se arrasta desde o primeiro momento.
Depois de elevar o tom da cobrança para a finalização da obra na cidade, na semana passada, o prefeito Rafael Diniz decidiu evitar maiores comentários. Primeiro porque recebeu a garantia de Witzel, por telefone, no fim de semana, de que o hospital seria entregue em meados de junho. O segundo motivo é evitar atritos enquanto o governador é investigado pela PF e se antagoniza com o governo federal.
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Oficialmente, ao ser questionado sobre o assunto, Diniz diz que espera que a unidade passe a operar logo, e alivie o sistema de saúde de Campos, tradicionalmente já sobrecarregado por ser um grande núcleo regional e receber pacientes de vários municípios vizinhos.
Na prática, a administração campista tem agido sem esperar muito. Ainda no início da pandemia, quando a cidade nem registrava casos, a prefeitura implementou o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus (CCC) num dos prédios da Beneficência Portuguesa. Recentemente, com os seguidos atrasos na entrega do hospital de campanha, ampliou o CCC, que agora tem 29 leitos de UTI e 60 de clínica médica, além de setor de triagem e diagnóstico.
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Também buscou capacitar o laboratório do Hospital Geral de Guarus (HGG) para a testagem de amostras do coronavírus, com o intuito de ficar menos dependente das análises feitas pelo Lacen-RJ, na capital, e ter um panorama melhor do avanço da doença no município.
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Desde o princípio, a construção do hospital de campanha se mostrou problemática. Quando o governador fez a promessa, foi solicitado que a prefeitura sugerisse locais para a empreitada. Diniz ofereceu lotes e terrenos públicos, que não ensejariam maiores custos aos cofres estaduais. Alguns deles foram o Centro de Eventos Populares Osório Peixoto — atualmente usado para triagem de trabalhadores que chegam ou vão ao Porto do Açu —, e uma área no campus da Uenf, unidade estadual.
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No entanto, o governo estadual rejeitou as ofertas e optou por um terreno em área mais central, particular, na avenida 28 de Março, em frente ao Shopping 28, em região muito movimentada, e próxima à chegada à cidade pela BR-101. Moradores do local, por sinal, reclamaram da decisão, pois temiam o afluxo de pessoas contaminadas pela covid-19 próximo de suas casas.