Cachorro Biriba: de amuleto da sorte a símbolo do azar
Cachorro Biriba: de amuleto da sorte a símbolo do azarReprodução Internet
Por Thiago Gomide
No Fla-Flu de ontem (14), dois cachorrinhos, Nando e Botinha, entraram em campo. Era ao mesmo tempo uma homenagem ao dia nacional dos animais e para participarem de uma campanha estimulando a adoção de bichos abandonados.
Vestido com a armadura tricolor, fiquei acompanhando os cãezinhos andarem de um canto para o outro. Verdadeiras estrelas. O narrador Breno Monsef, da rádio Roquette-Pinto, até brincou com o inusitado fato. Eis que lembrei que o Botafogo teve um mascote vira-lata que acompanhava o time para cima e para baixo.
Publicidade
Não perca o fio, diriam os twitteiros de plantão.
Há quem defenda, de pés juntos, que o Botafogo só ganhou o campeonato carioca de 1948, depois de 13 anos de seca, por causa do Biriba, um vira-lata bonitinho que foi adotado pelo jogador Macaé e que se tornou, como disse e não custa frisar, mascote do clube.
Publicidade
O presidente era Carlito Rocha, um supersticioso de mão cheia. Com um currículo de dar inveja a qualquer botafoguense, Rocha resolveu dar tudo do bom e do melhor para o bichinho. Em troca, Biriba precisava fazer xixi no pé dos jogadores, proporcionando uma sorte daquelas.
Invejosos, adversários começaram a lançar os tipos mais sortidos de maldição. Macaé, preocupado como um zeloso pai, até experimentava o rango do Biriba. Nada podia fugir do esperado. As vitórias eram o triunfo.
Publicidade
Certa vez aconteceu o improvável: só havia vaga para mais um na delegação que jogaria em outra cidade. E agora? O que fazer? Infelizmente um jogador foi cortado para dar espaço ao talismã.
Enquanto as vitórias se acumulavam, beleza. Até festinha de aniversário o bichano ganhava. Fotos em jornais e revistas. Aplausos na rua. Carinho na cabeça. Fãs enlouquecidos. Até rolaram propostas para que ele se tornasse um garanhão fora dos gramados.  
Publicidade
O problema foi que a maré virou. As derrotas começaram a brotar. Jogos bobos foram perdidos. Por mais que Biriba gastasse todo o estoque de xixi, nada acontecia. Será que houve feitiço?, alguns perguntavam.
Superstição é coisa que dá e muda, sabemos. Biriba entrou em desgraça. No começo foi deixado de lado. A sequência foi de responsabiliza-lo por alguns fracassos. 
Publicidade
Saiu das quatro linhas definitivamente, mas ficou na memória.
Na minha, pelo menos.
Publicidade