Museu permanece fechado na sede no Rio de Janeiro assim como nos dois centros em Goiânia e Cuiabá divulgação Museu do Índio

Não há muito o que se comemorar aqui no Brasil no Dia Internacional dos Povos Indígenas. Nem mesmo o Museu Nacional do Índio, localizado no Rio de Janeiro, abre suas portas nesta data. A entidade está fechada desde julho de 2016, após interdição por falta de adequação às normas de prevenção de incêndio e pânico.
As comunidades indígenas de todo o país reclamam das constantes invasões de suas terras e do que consideram "desamparo por parte do poder público". Por sua vez, o órgão responsável pela conexão do Governo Federal, a Funai, está em verdadeira ebulição com insatisfações, greves e conflitos internos entre os servidores de carreira e os nomeados para cargos de confiança. Acusam a atual gestão e ter aparelhado com militares e ruralistas afastando a entidade de sua real função.
O atentado com as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips serviu para dar maior visibilidade para perseguições e retaliações que os povos indígenas e funcionários da Funai e do Ibama afirmam ter aumentado desde o início do governo atual.
Funai emparelhada
Servidores do órgão federal aproveitam para chamar a atenção para a data criada pela ONU em 1995 como forma de garantir condições dignas para as populações. Esse nove de agosto será marcado por mobilizações e protestos em vários pontos do país, inclusive na regional do Rio de Janeiro, que além do museu, possui uma coordenação técnica em Paraty.
"A ideia é que a nossa mobilização possa se articular com as do movimento indígena", diz Fernando Vianna, presidente da Indigenistas Associados (INA), associação dos servidores da Funai.


Museu interditado
Para muitos uma das provas do descaso é o museu, fundado em 1953 antropólogo brasileiro Darcy Ribeiro, estar fechado há 6 anos, quando foi interditado. As duas unidades menores em Goiânia e Cuiabá também não estão funcionando.
“A atual gestão tem dado uma previsão de reabertura para o ano que vem, mas não sei dizer se procede. O casarão, que é tombado pelo Iphan, ainda vai passar por obra” – revela a indigenista Nina Paiva de Almeida, servidora da Funai desde 2010.
A direção do museu estima que “tenha condições de iniciar um processo de reabertura parcial a partir do segundo semestre de 2023”. A assessoria de imprensa da entidade garante que as obras estão em andamento em diferentes fases. As de segurança no sistema anti-incêndio e a reforma da rede elétrica estão em conclusão e devem estar prontas até o final deste ano. No entanto, admite que outras, como a construção de uma nova recepção, ainda encontra-se em fase de elaboração do projeto.
Atualmente estão lotados na sede do centro cultural no Rio, um total de 46 servidores. A direção garante que, apesar das portas estarem fechadas para o público, outras atividades continuam sendo realizadas como: documentação, pesquisa, preservação, divulgação do patrimônio cultural indígena e projetos nas escolas e outras instituições parceiras.
Devido atual situação, não foi elaborada nenhuma programação alusiva, nem mesmo em outro espaço externo, embora o diretor, Giovani de Souza Filho ressalte a importância desta data.
"O Dia Internacional dos Povos Indígenas deve ser um momento de reflexão sobre os desafios que ainda temos de superar para preservar a diversidade cultural das 305 etnias que vivem. Nosso país possui uma das maiores diversidades linguísticas”
O diretor avalia que grande parte das 274 línguas indígenas está ameaçada, pois as comunidades falantes são reduzidas.
“Para ajudar a reverter esse quadro, no Museu do Índio trabalhamos na preservação do patrimônio linguístico e cultural dos povos indígenas. Acreditamos que nesse nove de agosto devemos incentivar a valorização e preservação da diversidade e riqueza cultural das línguas indígenas, afinados à proposta da 'Década Internacional das Línguas Indígenas' (2022-2032), proclamada, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para assegurar aos povos indígenas o direito de preservar, revitalizar e promover suas línguas" – defende Giovani de Souza Filho.
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