Witzel quer fazer a gestão do Santos Dumont e de concessões para aumentar receita
Medida será proposta pelo Estado do Rio no novo Plano de Recuperação Fiscal, que será entregue ao Ministério da Fazenda, em junho
Governador Wilson Witzel já fez alguns dos pedidos em carta endereçada ao presidente Jair BolsonaroAlan Santos/PR
Por PALOMA SAVEDRA
Rio - A revisão do Plano de Recuperação Fiscal do Estado do Rio será concluída nos próximos dias, e não mais hoje — como estava previsto em prazo interno do governo Witzel. Mas ainda que não esteja finalizado, o novo documento, que será entregue ao Ministério da Economia em meados de junho, já tem diretrizes traçadas. O Executivo fluminense quer fechar uma 'agenda de receitas' para o caixa estadual: a ideia é convocar a União a ajudar o Rio a ampliar suas fontes de arrecadação.
Será então proposto que o governo federal aumente a participação do estado em concessões e outorgas, além de garantir prioridades em investimentos. Alguns desses pontos já foram defendidos pelo governador Wilson Witzel em carta entregue ao presidente Jair Bolsonaro.
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Witzel quer, por exemplo, fazer a gestão do Aeroporto Santos Dumont e concessões na área de energia. Com isso, governistas acreditam que o Rio terá capacidade de aumentar sua receita e não ficará dependente apenas de royalties, verbas de impostos e de repasses federais.
Fontes do Palácio Guanabara defendem que "o problema do Rio também é da União". Até porque o acordo de recuperação fiscal foi assinado entre os dois entes, em setembro de 2017. E, naquele período, o cenário econômico era outro.
Além disso, pela lei do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), o estado já terá que voltar a pagar a dívida que tem com a União em setembro de 2020. Em números, isso representa o desembolso de R$ 6,58 bilhões só no ano que vem. E o secretário de Fazenda, Luiz Cláudio Carvalho, já admitiu, em entrevista à Coluna, no dia 3 de abril, que não há como honrar esse pagamento diante das previsões econômicas.
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Na ocasião, ao ser indagado, ele sinalizou que o Rio deve pedir a prorrogação do pagamento. "Esse adiamento deve ser trazido para o plano de recuperação", respondeu.
Prorrogação da dívida
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Na mesma entrevista, Carvalho ressaltou que há uma série de medidas que a Fazenda vai implementar até lá. "São medidas que preveem aumento de arrecadação, portanto, com efeitos até setembro de 2020. Agora, neste momento, o Rio não tem condição nem de arcar com o início do pagamento da dívida, dos juros, melhor dizendo", declarou.
Segundo integrantes do Executivo, o novo plano cria "gatilhos de receita" que garantem uma saída para o Rio. E também servirá de modelo para outros governos que buscam socorro federal.
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Há diversos estados — como Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Roraima e Mato Grosso — tentando aderir ao regime de recuperação. Todos esses estão com endividamentos acima do limite permitido na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e com gastos salariais também estourando o teto da LRF.