Gisele Fátima, de 31 anos, desapareceu, no último dia 20, após sair de casa para comprar shampoo - Arquivo Pessoal
Gisele Fátima, de 31 anos, desapareceu, no último dia 20, após sair de casa para comprar shampooArquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
“Vou comprar um shampoo e já volto”. Essa foi uma das últimas frases dita pela dona de casa Gisele Fátima de Oliveira Tavares, de 31 anos, ao sair da casa de uma tia, na tarde da última quarta-feira, no bairro Pechincha, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Mãe de dois filhos, de 6 e 3 anos de idade, Gisele não retornou e, segundo familiares, desapareceu misteriosamente.
Familiares e amigos fazem buscas, há 6 dias, em hospitais, abrigos e institutos médico-legais. Duas testemunhas disseram, à família, terem visto Gisele, no dia do desaparecimento: em uma drogaria, próxima de casa, onde teria sacado dinheiro em um caixa-eletrônico; e entrando em um shopping-center da região.
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A princípio, familiares não acreditam em fuga premeditada, pois Gisele saiu sem levar bolsas ou mochilas e teria sacado uma quantia pequena no caixa-eletrônico. Apesar de apresentar sintomas leves de depressão, não estava fazendo uso de medicamentos, tampouco foram observadas mudanças de comportamento, detectados conflitos familiares ou ameaças. Ela saiu de casa usando um vestido azul, chinelos e portando a carteira. Gisele, que tem uma tatuagem no braço esquerdo, não levava aparelho celular.
Solteira, Gisele morava em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e se mudou com os dois filhos, há apenas dois meses, para o bairro Pechincha, onde tem diversos familiares como vizinhos. O fato de não conhecer bem a localidade também pode ter relação com o desaparecimento, segundo familiares.
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“Minha prima parecia feliz. Havia acabado de mudar de residência e estava contente com a possibilidade de recomeçar a vida. Saiu da casa da tia sem bolsa ou mochila. Deixou as crianças com o namorado dela e disse que iria comprar um shampoo. Ela usava apenas a roupa do corpo. Tudo indica que seria uma saída rápida, mas nunca retornou. A família está abalada. A mãe dela está à base de remédios”, lamenta a universitária Paola Tavares Vergette, de 19 anos, que auxilia nas buscas ao paradeiro de Gisele.
Investigações - Responsáveis pelas investigações, policiais da Delegacia de descobertas de Paradeiros (DDPA) solicitarão à Justiça o acesso às imagens de câmeras dos estabelecimentos comerciais da região. De acordo com o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a novembro de 2020, foram registrados 3.042 desaparecimentos de pessoas, no Estado do Rio de Janeiro. Sob total sigilo, informações sobre o paradeiro de Gisele podem ser feitas à polícia pelo telefone 2202-0338 (DDPA) ou pelo Disque-Denúncia 2253-1177.
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Desaparecimentos de mulheres correspondem a 29% dos registros, segundo pesquisa

São registrados, em média, 29% de sumiços de mulheres contra 71% do sexo masculino, conforme pesquisa do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. A hegemonia de gênero, no entanto, a princípio, serve apenas como norteador de algumas ações preventivas, mas o desaparecimento é um problema social e tratado de forma abrangente, conforme ressalta a coordenadora estadual do setor de Enfretamento e Prevenção ao Desaparecimento de Pessoas, Jovita Belfort.
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“Desaparecimento é um problema social, e a dor da ausência não tem sexo, cor ou classe social. “A predominância de sumiço de homens está ligada a inúmeros fatores sociais e culturais. Contudo, o problema atinge toda a sociedade de forma incomplacente. É um ser humano que deixa uma família, afetos, histórias”, acrescenta Belfort.