Após dois dias, menino desaparecido na Rocinha é encontrado em matagal no alto da comunidade
Ricardo Santana, de 7 anos, foi resgatado por familiares após ser reconhecido por moradores da região
Por Charles Rodrigues
Em meio à angústia e as intensas buscas da família, o menino Ricardo Luiz Santana dos Santos, de 7 anos, o Ricardinho, foi encontrado, na tarde deste domingo, em um matagal, no alto da comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Ricardinho desapareceu, na última sexta-feira, após sair de casa para brincar com outras crianças, na Rua do Canal.
De acordo com a família, Ricardinho foi reconhecido por moradores, após o caso ser divulgado na mídia e redes sociais. O menino, que usava a mesma roupa, estava sujo e, aparentemente, gripado, segundo relatou a irmã, Paula Santana, de 19 anos. As circunstâncias do sumiço ainda serão apuradas pela polícia sob acompanhamento do Conselho Tutelar.
O reencontro trouxe alívio à família, que já havia feito apelo, nas redes sociais, para encontrar o paradeiro de Ricardinho. “Estávamos arrasados! Perder um filho é uma sensação horrível! Agora, veio o alívio. Queremos agradecer a todos que ajudaram a encontrar o meu filho”, disse, emocionada, a diarista Glória Maria Santana, de 39 anos, que tem outros três filhos.
Em 2020, foram registrados 148 sumiços de crianças e adolescentes
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Para Luiz Henrique Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças da Fundação para Infância e Adolescência (FIA), a localização de mais uma criança é resultado do sucesso da rede de apoio capitaneada pela instituição. Em 2020, foram registrados 148 sumiços de crianças e adolescentes, no estado do Rio de Janeiro. Destes, 119 foram encontrados. De acordo com Oliveira, 61% são fugas motivadas por conflitos familiares.
“Agradecemos a todos aparelhos públicos, a imprensa e a nossa rede de apoiadores que vêm sendo fundamental para a localização de nossas crianças e adolescentes, em todo estado do Rio de Janeiro. Isso nos motiva a continuarmos trabalhando", agradece Oliveira.
‘Na delegacia, nos mandaram esperar 24 horas’
As buscas ao Ricardinho contaram com ajuda de familiares e amigos. De acordo com a irmã do menino, a família chegou a procurar à 11ª DP (Rocinha) para registrar um boletim de ocorrência, entretanto, não foi possível fazê-lo, pois, na ocasião, foram informados para esperar 24 horas do sumiço.
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"Nos mandaram verificar hospitais e aguardar o tempo necessário para comunicar o sumiço. Um amigo da família foi em algumas unidades de saúde e estamos aguardando um retorno. Mas, não podemos ficar aqui parados esperando completar 24 horas", disse irmã.
'Isso é inadmissível'
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No Brasil, são registrados, por ano, cerca de 40 mil desaparecimentos de crianças, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apesar de 70% dos casos serem solucionados, Luciene Pimenta Torres, presidente da Instituição Mães Virtuosas do Brasil, que agrega mães de desaparecidos em todo país, reitera o descaso de alguns policiais e denuncia o descumprimento reiterado da Lei da busca imediata, no caso de desaparecimentos de crianças.
“As famílias dos desaparecidos continuam vítimas de atendimentos precários e descasos nas delegacias, que continuam reproduzindo o ‘mito das 24 horas’. Isso é inadmissível, sobretudo quando se trata de sumiços de crianças. Quando as famílias procuram a polícia para registrar a ocorrência, elas estão vulneráveis e abaladas. Essa dor precisa ser respeitada, espero que nossas autoridades ajam com rigor e evitem mais esse sofrimento às famílias”, reitera Torres.
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Em casos de desaparecimentos de crianças, a Lei 11.259, de 30 de dezembro de 2005, acrescenta dispositivo à Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 – do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e determina investigação imediata em caso de desaparecimento de criança ou adolescente.
De acordo com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, "o caso foi registrado na 11ª DP (Rocinha). Segundo os agentes, a criança foi encontrada. Ela dormiu em um barraco na parte alta da comunidade porque foi mordida por um gambá".