Cenas documentário Lexa: Mostra Esse PoderDivulgação/Globo

Por Juliana Pimenta
Rio - Dos palcos para as telas, Lexa acaba de virar série. Em cinco episódios, a produção 'Lexa: Mostra Esse Poder', já disponível no Globoplay, vai mostrar os bastidores da carreira da cantora carioca de 26 anos que, até então, só eram conhecidos pela família. 
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"As pessoas sabem que eu sou casada com o (MC) Guimê e me conhecem pelo meu trabalho. Acho que nesse 'doc' as pessoas vão conhecer mais o ser humano que eu sou, o meu trabalho e como foi para chegar até aqui. As dificuldades que, por muitas vezes eu não revelei, eu engoli. Falo sobre isso e o quanto isso me fez crescer e amadurecer", explica Lexa que adianta alguns dos perrengues vividos por ela e contados na série.

"Eu mostro minhas crises de ansiedade, as dificuldades e como cada coisa que aconteceu na minha vida afetou, positivamente ou negativamente. Pedi para deixar até as minhas aulas de inglês, eu falando errado, aprendendo. Tem um momento no doc em que minha mãe fala sobre um DJ famoso do Rio, que uma vez virou para mim e falou que se eu não ficasse com ele, eu não chegaria a lugar nenhum. Ele falou isso na minha cara e na cara da minha mãe. E aí minha mãe tomou frente e falou: 'minha filha não vai ficar com você e vai chegar muito longe, eu tenho certeza disso'. A gente sempre deu muito duro e escutou coisa pesada, coisa nojenta, de uma forma muito machista e desrespeitosa", revela a cantora.

Mudança de vida

As dificuldades a que Lexa se refere vão muito além dos desafios da carreira. A cantora revela que as limitações financeiras da família durante sua infância e adolescência também são abordadas no documentário. Na produção, Lexa volta até à padaria onde trabalhou antes da fama. "Eu entreguei o meu currículo na padaria da rua onde eu morava e, como eu precisava muito do emprego, eu ficava indo direto lá perguntando quando eles iam me chamar. Eu fiquei insistindo até me empregarem. Eu tive que aprender em uma semana a cuidar de todos os processos do pão e a trabalhar", conta a cantora, que também revisitou uma antiga residência da família durante a produção da série.

"No doc, eu volto na casa onde eu morava. E é uma casa muito pequena, era tudo meio juntinho e, quando eu volto ali, é muito emocionante. Era muito humilde, o nosso quarto não tinha cama. Eu lembro e olho para a minha vida hoje, a minha casa, as minhas coisas, as minhas conquistas… É uma realização. E graças ao bom Deus, a gente teve muita paciência e perseverança para dar muito duro. Eu acho que de uma forma muito clara as pessoas vão poder acompanhar esses processos. Vocês vão ver a minha origem, de onde eu vim e porque eu me sinto uma vencedora hoje. É muito incrível ver de onde eu vim até onde eu cheguei", explica Lexa, que decidiu abandonar o curso de Matemática que fazia na UFRJ para se dedicar à carreira de cantora.

Referência no funk

Com a consagração do sucesso, portanto, Lexa quer servir de incentivo para outros jovens que sonham em investir na carreira musica. A cantora conta que, por isso, fez questão de falar das primeiras mulheres que ajudaram a divulgar o funk pelo Brasil.
"Minha mãe ama funk e meu pai é daqueles caras que faz passinho de funk de tão funkeiro que ele é. Então desde muito nova, eu fui muito fã de todo mundo. E eu precisava chamar essas pessoas para o meu documentário. O doc fala muito sobre mim, obviamente, mas também fala muito sobre a revolução do funk e as pessoas que foram responsáveis por isso. Então tem depoimentos da Tati Quebra Barraco, MC Carol de Niterói, Verônica Costa, Mc Cacau.. Eu vim do funk e sou muito grata. Para a gente estar aqui hoje, muita gente teve que segurar esse bastão e passar para frente, correndo junto. A minha raiz é o funk, que eu só quero que cresça, não só para as mulheres, mas para os homens também", defende Lexa, que acredita no sucesso de seus fãs.

"Eu fico tão feliz quando vejo alguém vencer, que espero que as pessoas fiquem felizes com a minha história e que a história toque elas de alguma maneira. Pessoas que sonham em ser artistas e estão vivendo a realidade difícil que eu vivi vão estar aí super estouradas daqui uns anos".