Por bernardo.argento

Rio - O handebol é como uma dinastia para Eduarda Amorim. É negócio de família. Dom herdado da irmã mais velha, Ana, que defendeu o Brasil nos Jogos de Atenas, em 2004.

O tempo passou e o sonho do ouro olímpico moveu-se de uma para a outra, como uma espécie de vício. E o inédito título mundial da modalidade, conquistado em 2013, só contribuiu para que a confiança aumentasse. Duda, para os íntimos, espera que um novo pódio, no Rio, possa trazer a valorização que o handebol tanto precisa para se firmar.

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Duda quer o Handebol sendo mais valorizadoReprodução Facebook

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A Seleção é forte, tem jogadoras que atuam nos principais centros da Europa e tudo para brilhar daqui a 696 dias. Enquanto a hora não chega, a armadora, de 27 anos, acumula títulos pelo Gyori ETO KC, da Hungria, e tem ambição para muito mais.

“O handebol pode chegar ao pódio no Rio. Jogamos para ganhar. Somos ambiciosas. Sabemos que é uma meta difícil, e que não somos as favoritas, mas sonhamos e trabalhamos todo dia para que a medalha seja nossa”, decreta Eduarda, eleita a melhor jogadora do último Mundial e primeira brasileira a vencer a Champions League de clubes.

A melhor recordação que Duda tem dos Jogos é de ver Ana com a camisa do Brasil, há cerca de uma década.

Inspiração e espelho. “Lembro de ver minha irmã jogando a Olimpíada de Atenas. Ela já era minha ‘ídola’ e foi legal vê-la jogar”, recorda-se. Responsável pela continuidade da família no esporte, ela analisa que a queda da Seleção nas quartas de final em Londres amadureceu a equipe. A prova disso foi a conquista do Mundial e a solidificação do país como um dos melhores do planeta.

Há nove anos na Europa, Duda sabe que o esporte nunca será reconhecido como lá fora. “Tenho consciência de que o handebol no Brasil nunca será admirado como é aqui na Hungria. Nem com uma conquista olímpica seremos reconhecidas na rua, por exemplo, como no caso do futebol. Mas estamos adquirindo prestígio, e um título olímpico pode mudar o futuro”, diz, convicta. “O handebol nacional precisa de incentivo.”

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Brasil foi campeão mundial de handebol em 2013Reprodução Facebook

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O caminho até o sonho é encurtado quando se trabalha em grupo. E as meninas de ouro, como elas se intitulam, prometem jogar pesado para não deixar escapar o primeiro lugar em casa.

A pressão se transforma em combustível. “Lógico que, com o tempo, os sonhos se renovam. Mas esse é especial. Todas as decisões nas últimas temporadas são para atingir o melhor nível e tentar essa medalha. Espero conseguir com as meninas”, finaliza Duda, que deixou Blumenau (SC) parar ganhar o mundo.

Entrevista

Disputar a Olimpíada em casa é o sonho de todo atleta, assim como a Copa do Mundo. No entanto, o que é preciso fazer para administrar a pressão?

Sabemos o que queremos e não podemos deixar que nada nos atrapalhe. É muito gratificante participar de uma Olimpíada, mas não vamos só participar por participar. Temos que pensar que será mais um campeonato e que vamos dar o máximo para ganhar a medalha de ouro.

Você foi eleita a melhor jogadora do último Mundial e a Alexandra Nascimento foi escolhida a melhor do mundo em 2012. A que se devem esses prêmios individuais? O grupo está pronto e experiente para novas conquistas?

Os títulos individuais não vêm sozinhos. Contamos com eles por causa da evolução das atletas que investiram no futuro aqui fora. Hoje não é qualquer seleção que consegue passar pela gente.

Qual é o aprendizado que ficou para a Seleção após a disputa dos Jogos de Londres, em 2012, e o que planeja para o Mundial de 2015, na Dinamarca?

Já mostramos evolução depois da Olimpíada. Mostramos que amadurecemos como equipe e chegaremos fortes. Temos mais um Mundial para trabalhar os detalhes antes dos Jogos do Rio e lidamos bem com essa pressão.

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