Ana Patrícia e Rebecca, do vôlei de praia, têm vaga assegurada nos Jogos Olímpicos - Divulgação FIVB
Ana Patrícia e Rebecca, do vôlei de praia, têm vaga assegurada nos Jogos OlímpicosDivulgação FIVB
Por Fernando Faria
A exatos cinco meses da abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no dia 23 de julho, a ansiedade cresce entre os atletas e técnicos nesta reta final de preparação, reforçada ainda pela incerteza em relação à realização do evento causada pela pandemia do novo coronavírus. Num ciclo olímpico de exceção, foram cinco anos de espera desde a Rio-2016, a dupla de vôlei de praia Ana Patrícia e Rebecca, já com a vaga assegurada, lamenta o fato de não estar tendo a chance de enfrentar rivais estrangeiras: "Estamos conseguimos disputar o Circuito Brasileiro desde o segundo semestre de 2020, no formato bolha (todos os jogos), em Saquarema. Estamos na expectativa de ter uma etapa do Mundial agora em março, que, a princípio, será no Catar. Se conseguirmos retomar o Mundial será muito legal pra gente voltar a disputar com duplas estrangeiras, sentir como elas estão, poder voltar a viver essa adrenalina depois de tanto tempo", diz Rebecca. 
Ela reconheceu as incertezas com o adiamento dos Jogos no ano passado: "Foi, sim, uma frustração, era nosso maior sonho ficando mais distante, mas hoje sabemos que foi a melhor decisão e rapidamente conseguimos virar a chave e entender que foi adiamento e que nosso sonho continua vivo e em Tóquio".
Publicidade
'Bateu uma incerteza do que viria'
Uma das principais esperanças de medalha do país nos Jogos, Ana Marcela Cunha foi eleita a melhor atleta de maratona aquática do mundo pela sexta vez em 10 anos. Ela também admite que o adiamento no ano passado foi um susto: "Bateu uma incerteza do que viria pela frente. Era como se estivesse em ponto de bala para a largada e adiassem a prova". Apesar das dificuldades causadas pela pandemia, Ana Marcela destaca que a preparação vem sendo muito boa: "É claro que tudo teve que ser readaptado para a nova realidade, mas, de uma forma geral, consegui manter a minha rotina diária de treinos. Acredito que o pior já tenha passado". 
Apesar de ainda haver uma ponta de incerteza em relação aos Jogos de Tóquio, Ana Patrícia demonstra confiança na preparação: "A gente segue trabalhando firme. Nós, do vôlei de praia, fomos privilegiadas com a volta do Circuito Brasileiro. É claro que não estamos no melhor ritmo, já que não temos todas as competições, mas não queremos nem pensar nessa possibilidade de não ter Olimpíada. É angustiante pensar isso. Acredito que seja assim com todos os atletas que estão na expectativa de ir para Tóquio". 
Publicidade
'O nível de competição é muito alto'
A ponteira Gabi, da seleção feminina de vôlei, joga atualmente no Vakif, da Turquia, e festeja o fato de o time ter voltado a disputar campeonatos nacionais e internacionais: "Estou me preparando da melhor forma, o clube tem uma estrutura de primeiro mundo. O nível de competição aqui é muito alto. São muitas jogadoras estrangeiras e tenho a oportunidade de enfrentar algumas das melhores do mundo". Ela lembra que o adiamento dos Jogos no ano passado representou um baque, mas foi necessário: "Esse período de frustração passou e já miramos 2021. Queremos fazer bem o nosso papel". Gabi mantém a confiança na realização dos Jogos: "Talvez não da maneira convencional, mas teremos. Aqui, a gente já se acostumou com os protocolos, com os testes, uso de máscara, álcool. Essa é uma nova realidade não só para mim, mas para o mundo todo".
Ana Marcela também comentou a importância de treinar no exterior, mesmo com a pandemia. "Disputei oito provas: fui ouro em cinco, prata em duas e, bronze, em outra". Também afirma que as medidas sanitárias são muito rigorosas. "Seguimos à risca todos os protocolos. Já perdi as contas de quantos testes fiz", brinca. "Sempre que saímos do Brasil temos que fazer exames para comprovar que estamos sem a covid. E quando chegamos em determinados países temos que fazer também. Além disso, ficamos no hotel em confinamento aguardando o resultado dos testes". 
Publicidade
Ana Patrícia elogia as medidas tomadas para o Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia: "Nós temos convivido com os protocolos como todos no mundo. Passamos a viajar ao menos uma vez por mês para as etapas. As competições estão sendo feitas na bolha, com todos os jogos sendo disputados no CT de Saquarema, e parece que tem dado certo. Sempre temos que testar para entrar em Saquarema e alguns casos foram detectados, mas, no geral tem sido eficiente", conta. "É muito ruim conviver com isso, mas foi a maneira que encontraram para que voltássemos a jogar. Da mesma maneira que é muito ruim jogar sem o calor do público. Sempre fica a sensação de que está faltando alguma coisa, mas temos que seguir em frente", acrescenta. 
'Sem planejamento de longo prazo'
Técnico da seleção brasileira de basquete masculino, o croata Aleksandar Petrovic ainda terá que enfrentar um Pré-Olímpico em junho para tentar a classificação a Tóquio. Segundo ele, as incertezas provocadas pela covid atrapalham muito — recentemente, a equipe foi impedida de entrar na Colômbia para dois jogos pelas Eliminatórias da Copa América devido à variante brasileira do coronavírus: "Não podemos fazer um planejamento de longo prazo".
Publicidade
Petrovic prevê forte emoção ao enfrentar a Croácia
Petrovic falou das dificuldades envolvendo a seleção brasileira masculina de basquete
Petrovic falou das dificuldades envolvendo a seleção brasileira masculina de basqueteDIVULGAÇÃO / CBB
O técnico da seleção masculina de basquete, Aleksandar Petrovic, está morando em Zagreb com os pais há dois meses: "Meu pai tem 94 anos e a minha mãe, 83. Por isso, estamos tomando todos os cuidados com a covid, principalmente quando viajo". Segundo ele, a situação na Croácia no momento está muito mais tranquila do que na América do Sul: "Eles ficam muito preocupados comigo quando vou ao Brasil ou a países vizinhos".
Publicidade
Petrovic reconhece que será muito especial jogar o Pré-Olímpico na cidade de Split, entre os dias 29 de junho e 4 de julho, e admite que a emoção não será pequena: "Uma coisa que me preocupa um pouquinho é o fato de enfrentar a seleção da Croácia. Eu sou croata, estive três vezes à frente da seleção do meu país. É muito importante eu me preparar psicologicamente porque não será fácil jogar essa partida. Ganhar esse Pré-Olímpico e conquistar a classificação aos Jogos de Tóquio será muito importante para o Brasil". 
Além de Brasil e Croácia, mais quatro seleções estarão na disputa por uma vaga na Olimpíada de Tóquio: Alemanha, México, Rússia e Tunísia.