Em sessão nesta quarta-feira (24) à tarde, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado atribuiu ao ex-árbitro Glauber do Amaral Cunha o áudio que John Textor diz ter como prova. Os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Carlos Portinho (PL-RJ) confirmaram, após o vazamento da informação.
O áudio que o dono da SAF do Botafogo utiliza como uma das provas de manipulação de jogos no futebol brasileiro, seria de um jogo da Série C do Campeonato Carioca, que é a quinta divisão, segundo os senadores.
"Não existe áudio de manipulação do Brasileiro, vamos deixar bem claro", afirmou Carlos Portinho.
Glauber do Amaral Cunha trabalhou até 2022 em jogos das séries B2 e C do Carioca, além de divisões de base e futebol feminino. Ele iria depor na próxima segunda-feira (29), mas devido ao feriado na semana, a CPI optou por alterar a data para o dia 8 de maio.
Na gravação, o árbitro, cuja identidade é atribuída pelos senadores a Glauber, diz que fez de tudo para manipular o resultado da partida, mas que não deu certo e, por isso, não iria receber o dinheiro acordado.
Os dois foram convocados para prestar esclarecimentos "a respeito da aplicação do sistema de VAR, particularmente nos Campeonatos Brasileiros de 2022 e 2023, e de eventuais influências em resultados das partidas". Nos vídeos apresentados pelo dono da SAF do Botafogo, há lances em que câmeras não mostradas ao público representariam decisões diferentes das tomadas.
Além de Carlos Portinho e Jorge Kajuru, os senadores Romário (PL-RJ) e Eduardo Girão (Novo-CE) também fizeram requerimentos para ouvir outros personagens do futebol brasileiro. Entre eles, o CEO do Botafogo, Thairo Arruda porque " expressou publicamente suas preocupações sobre a integridade dos resultados do futebol brasileiro, citando possíveis erros de arbitragem e insinuações de envolvimento de casas de apostas".
A CPI também quer ouvir representantes da SportRadar, empresa contratada pela CBF para identificar possíveis casos de manipulação no futebol brasileiro e que produziu relatórios "identificando 109 partidas suspeitas apenas em 2023".
O chefe da Comissão de Arbitragem da CBF, Wilson Seneme, é outro que será convocado pelos senadores, assim como outros três representantes da entidade: os diretores de competições, Júlio Avellar, e de governança, Hélio Santos Menezes Júnior, e o oficial de integridade, Eduardo Gussem.
Quem a CPI quer ouvir
Lane Gaviolle, presidente do Tombense Futebol Clube
Getúlio Marques Castilho, presidente do Londrina Esporte Clube
Thairo Arruda, CEO do Botafogo
Representante da empresa SportRadar
Glauber do Amaral Cunha, ex-árbitro de futebol
Daiane Caroline Muniz, árbitra de futebol
Raphael Claus, árbitro de futebol do quadro da CBF
Hélio Santos Menezes Junior, diretor de Governança e Conformidade da CBF
Wilson Luiz Seneme, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF
Eduardo Gussem, oficial de Integridade da CBF
Felippe Marchetti, representante da empresa SportRadar AG
Tiago Horta Barbosa, chefe de Integridade para a América Latina da empresa Genius Sports
Emanuel Macedo de Medeiros, presidente da Sport Integrity Global Alliance - SIGA Latin America
José Perdiz de Jesus, presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)
Régis Anderson Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda
Ronaldo Botelho Piacente, procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)