Rio - Herói, amigo, companheiro, exemplo, protetor, guardião, porto seguro... Os perfis podem até variar de família para família, mas em qualquer lugar do mundo o sentimento que une pais e filhos verdadeiramente é um só: o amor. Na Olimpíada da superação, como ficará marcada para sempre Tóquio-2021, pais de atletas vivenciaram a expectativa pelas competições e, ainda, enfrentaram a preocupação com a pandemia de covid-19, que está longe de terminar.
Eles, no entanto, agora podem respirar aliviados e comemorar ao lado de seus campeões. "Tem presente de Dia dos Pais melhor do que esse?", festeja o ex-nadador George Cunha, que fez questão de recepcionar a filha, Ana Marcela Cunha, medalha de ouro na maratona aquática, ontem, no Aeroporto do Galeão. Emoção indescritível também é a que sente Raimundo Ferreira, pai de Beatriz Ferreira, medalista de prata no boxe. "Mesmo com os trancos e barrancos da vida, ela nunca desistiu e se destacou na profissão dela. Hoje, a minha filha está brilhando e levando o nome do Brasil para fora", exalta ele.
Bicampeãs na vela, Martine Grael e Kahena Kunze herdaram dos pais o amor pelo esporte. Filha do ex-velejador Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas e chefe da equipe da modalidade em Tóquio, a niteroiense estava tão focada na competição, antes mesmo do embarque, que se confundiu e desejou "Feliz Dias dos Pais" para Torben em julho. "Foi muito engraçado. Eu jurava que era mês passado", conta Martine, que se emociona ao falar sobre a conquista. "É um orgulho poder inspirar a nova geração da vela".
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Filha do ex-velejador Claudio Kunze, Kahena prometeu ao pai, que faz aniversário em 1º de setembro, que o presente iria chegar antecipado. "Essa medalha vale muito para a gente e para todos os brasileiros", diz a campeã.
Troféu no mar aos 12 anos
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Os pais de Ana Marcela Cunha estavam com ingressos comprados e reservas de hotel feitas no Japão. A pandemia, no entanto, impediu que eles vissem de perto o ouro da filha na maratona aquática. Hoje, no entanto, todos poderão matar a saudade no almoço de Dia dos Pais. "Ela merece muito essa medalha. Batalhou por isso! Nossa filha é tudo para nós", exalta George Cunha, pai e empresário da atleta. Aos 12 anos, Ana competiu pela primeira vez no mar e ganhou. "Nunca esqueci porque o troféu se chamava Meu pai, o Campeão", lembra George.
Treinador que virou paizão
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Após conquistar o ouro no salto e a prata na ginástica artística individual geral, a paulista Rebeca Andrade, 22 anos, fez história. O segredo do sucesso? A parceria com o treinador "paizão" Francisco Porath, o Chico, a quem a atleta fez questão de exaltar no Instagram. "Segurou todas as barras comigo e me transformou na melhor atleta/pessoa que eu posso ser! Obrigada por nunca desistir de mim! Essa é a nossa história, a nossa medalha! Te amo", escreveu Rebeca, que nunca teve o pai presente.
Superação após vencer covid-19
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O técnico Renan Dal Zotto não conseguiu medalha com a seleção masculina de vôlei, porém a maior vitória de sua vida já havia sido conquistada. Após 36 dias internado com covid-19, ele conseguiu se recuperar a tempo, como recorda o filho do treinador, Gianluca. "Chegamos a pensar no pior, mas sempre que minha mãe ia visitá-lo no hospital, eu pedia para ela colocar a música 'Sweet Caroline', que ele ama. Ele reagia e ficava mais animado. O maior ouro foi ele ter ido para a Olimpíada", celebra.
Nocautes em casa
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A boxeadora Beatriz Ferreira também colocou seu nome na história no esporte nacional ao conquistar medalha (peso leve até 60 quilos). Pai e treinador da atleta, o ex-lutador Raimundo Ferreira, conhecido como 'Sergipe', é só alegria ao celebrar o feito. "Bia é o meu xodó. Ela seguiu minha profissão. Tenho um orgulho fora do normal dela. Ela está sobrando no mundo do boxe. Fico muito feliz porque agora o Brasil e o mundo estão tendo a chance de conhecê-la", exalta Raimundo, que não alivia Bia nos treinamentos. "Sou um pai gente boa, mas na hora do treino sou muito sério e cobro. No final a gente sempre se entende".
'Só tenho orgulho dela', diz pai da Fadinha
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Pai de Rayssa Leal, Haroldo Leal, que chegou a construir uma pista improvisada para a filha poder treinar em casa, não esconde a alegria com a medalha de prata conquistada pela Fadinha no skate. "A gente sempre quis vê-la feliz. E ela hoje está em casa, com a medalha no peito e, para nós, não tem orgulho maior do que vê-la sorrindo. Ver a minha filha sendo abraçada pela nação inteira é muito gratificante. Só tenho orgulho dela", disse Haroldo no desembarque da estrela mirim, no Maranhão.
Surfando com tampa de isopor
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A inédita medalha de ouro no surfe foi um presente para os brasileiros, em especial para os de Baía Formosa (RN), como destaca Luiz Ferreira, pai do campeão Italo Ferreira. "Não é fácil sair de Baía Formosa e buscar o ouro do outro lado do mundo. Desde criança ele almejava uma medalha de ouro", disse Luiz à Inter TV. Na infância, Italo começou a treinar usando como prancha a tampa de isopor da caixa térmica onde o pai guardava os peixes que vendia.
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