Biodigestores em construçãoDivulgação

Por O Dia
Guapimirim – Cinco residências do bairro Sapê, em Guapimirim (RJ), receberam a fossa séptica ecológica. Trata-se de um projeto de sustentabilidade e de baixo custo para a destinação do esgoto, por meio de um sistema de câmara de pneus, com tubo para filtragem e sumidouro, para a separação de água com urina e de fezes. A decomposição dos dejetos será feita por bactérias anaeróbicas.
A fossa séptica ecológica – ou biodigestor – é instalada por residência, não utiliza energia elétrica nem produtos químicos e também reduz os gastos com caminhões sugadores de fossas negras. Outra vantagem é que não deixa mau cheiro nem proliferação de moscas, por exemplo.
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Por meio de um tanque de evapotranspiração, é instalado um sistema de câmaras de pneus dividido em dois módulos: no primeiro, as bactérias decompõem os dejetos, fazendo com que a matéria orgânica fique acumulada no fundo; e no segundo módulo, o líquido restante continua sendo tratado pelas bactérias, que eliminam mais de 90% da matéria contaminante da água. Desse modo, evita-se a contaminação do lençol freático.
Após a instalação da fossa séptica ecológica, são plantadas algumas espécies de árvores para facilitar a evapotranspiração. Desse modo, evitando o alagamento em caso de chuvas.
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Em geral, são usados pneus velhos de caminhões, por serem mais largos que os de carros comuns. A escolha desse item se deve à durabilidade e ao baixo custo. Os pneus utilizados costumam ser doados ou recolhidos em ações de limpeza ambiental e urbana. A instalação da fossa ecológica é feita com a técnica ferrocimento, que consiste na aplicação de cimento em vergalhões. Dessa forma, as paredes ficam mais leves.
O projeto começou a ser desenvolvido pela Prefeitura de Guapimirim, por meio da Secretaria Municipal de Ambiente e Sustentabilidade, em maio deste ano e será implementado em outros bairros que receberem o programa ‘Meu Bairro Agora é Diferente’. A escolha das famílias beneficiadas foi baseada no cadastro da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos.
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Os biodigestores podem ser utilizados em domicílios com até cinco pessoas cada e têm sido alternativa sustentável em regiões onde não há rede de saneamento, principalmente em áreas rurais. No estado do Rio de Janeiro, o município de Guapimirim é pioneiro nessa iniciativa, segundo a prefeitura.
“A implantação do biodigestor ecológico é um exemplo de que devemos adotar as boas ideias, sendo criativos, plurais, e ter por objetivo atender ao maior número de pessoas possíveis na nossa sociedade. Nós temos nessa iniciativa uma saída para tratar resíduos sanitários, outra, no caso dos pneus usados, que dá nova utilidade ao que iria para o lixo, sendo até descartado incorretamente, e, ainda, mais uma, que engaja todas as borracharias a doarem um dos principais materiais para fazer o biodigestor”, comentou a prefeita de Guapimirim, Marina Rocha (PMB-RJ).
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Em Guapimirim, esta iniciativa está sendo adotada pela primeira vez pela atual gestão e é importante, levando-se em conta a triste realidade do país. Em 2019, 48% da população brasileira não possuíam rede de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), órgão vinculado ao governo federal. Ademais, em 2017, foram registradas 289 mil internações médicas por diarreia e outras doenças ligadas à falta de saneamento básico. Metade dos pacientes era criança entre zero e 5 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Aqui no município, infelizmente, assim como em outras milhares de cidades do Brasil, a rede de esgoto não chega a todos os domicílios. Pensando nessa questão preocupante, como professor e atuante na área, comecei a pesquisar soluções econômicas para minimizar os impactos da produção de esgoto no meio ambiente. Em conversas com colegas cheguei ao biodigestor ecológico, feito com materiais simples, que não teriam mais uma utilidade no mercado, e que agora passam a ter uma nova e importante serventia, reduzindo os custos da instalação e os impactos ambientais”, disse o subsecretário municipal de Ambiente e Sustentabilidade, Rodrigo Freire.
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Embora a fossa ecológica seja barata e seja de fácil instalação, é preciso adotar algumas técnicas e configurações para evitar que o esgoto contamine o solo.