As oficinas têm em comum a arte como ferramenta de tratamento.Foto divulgação

ITAGUAÍ- Há 31 anos a Apae de Itaguaí resiste e busca trazer o melhor para seus assistidos, com essa intenção para o ano de 2022 a instituição filantrópica apresenta uma lista de novas oficinas que tem o intuito de auxiliar na socialização.
As novas atividades serão ministradas de segunda a sexta e estão entre elas: roda de conversa, oficinas de artesanato, leitura, conversa na praça e horta. Todos os trabalhos apresentados aos alunos são práticas expressivas que permitem a comunicação do sujeito, considerando que muitos dos usuários da APAE são não-verbais.
- Nós podemos ir ao psicólogo e falar, eles não têm esse recurso. Então, essas atividades proporcionam a possibilidade de comunicação, de se relacionarem através da arte, de uma dinâmica de grupo, de atividades lúdicas. O que a gente percebe na nossa prática clínica, seja com qualquer paciente, de qualquer lugar, é a pessoa projetar numa tela, num papel ou numa brincadeira, aquilo que não é possível em palavras, e isso tem funcionado muito bem com a galera da APAE- explica o Coordenador Fábio Oliveira.
A instituição explica que o assistido necessita de um espaço, um momento de expressar de forma segura, acolhedora e com manejo técnico, isso gera organização psíquica, inclusão, bem-estar e tantas outras coisas que refletem na vida pessoal e social deles. E esse é o que todas as oficinas têm em comum: a arte como ferramenta de tratamento. O objetivo de colocar várias opções de atividades é de ampliar as formas de trabalho para que eles possam escolher com o que se identificam.
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) vinha de uma proposta pedagógica de ensino inclusivo, e a partir de 2021 vem se construindo um formato mais voltado para a saúde. Existem vários fatores para isso, mas os mais evidentes são as condições de trabalho e o fator financeiro da instituição, sendo uma associação sem fins lucrativos, filantrópica, que vive de doações.
Em outras partes do Rio de Janeiro e do Brasil, onde os associados têm um poder aquisitivo maior, se constitui uma equipe técnica remunerada e com mais especialidades. Em Itaguaí há um cenário mais vulnerável, por exemplo, os profissionais são voluntários; e a partir daí, cria-se uma forma de trabalho de acordo com o perfil dos profissionais em ação.
Atualmente a Apae tem psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, oficineiros, técnicos de enfermagem, artistas plásticos e universitários do novo programa de estágio obrigatório, em convênio com algumas universidades. A maioria dos técnicos são voluntariados.
- E como alguns de nós temos experiência e formação acadêmica em outras instituições (públicas ou privadas) nos espelhamos no modelo de atenção psicossocial das políticas públicas de saúde mental, onde se trabalha com uma visão mais ampla do conceito de saúde, com uma equipe variada de profissionais (sem hierarquia de formação acadêmica) que pensam juntos, tentando atender vários aspectos do sujeito: biológico, psicológico e social; por isso não reduzimos o tratamento à questão medicamentosa, por exemplo; nem tudo é só remédio ou só terapia- completa o coordenador.
Hoje a instituição inova e traz um novo perfil de clínica ampliada, cujo objetivo é falar de saúde pensando em acolhimento, inclusão e convivência. O trabalho passa a ser mais integrado promovendo uma rede de apoio que inclui os profissionais, a família, a comunidade, o poder público e privado.
- Estamos construindo um modelo que não se prende ao atendimento individual de consultório, além procurarmos sempre direcionar o usuário do serviço a tratamentos adequados em outros dispositivos para articulação de trabalho em conjunto. Os usuários da APAE são orientados e direcionado para o acompanhamento em serviços públicos do território, que o público não tem conhecimento, onde o perfil da demanda se encaixe melhor. A prefeitura tem sido nosso aliado em trabalhos voltados a Saúde e Assistência Social - finaliza o coordenador da APAE, Fábio de Oliveira.
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