Trecho de floresta protegido pela recém-criada RPPN Velho Moinho, no município fluminense de Varre-Sai. Foto: divulgação/ Henrique Seixas/ O Eco

VARRE-SAI - O município de Varre-Sai, no Noroeste Fluminense, está em segundo lugar no ranking do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) com cerca de vinte Reservas Particulares do Patrimônio Natural, e a RPPN Velho Moinho, - com 4,5 hectares de extensão -, foi a centésima reconhecida pelo órgão. Somadas, as cem reservas particulares do Estado protegem mais de 8.400 hectares da Mata Atlântica fluminense.
“A 100ª RPPN do Estado do Rio de Janeiro simboliza o sucesso do trabalho do Inea e da estratégia da Secretaria do Ambiente e Sustentabilidade em manter nossas florestas, bens públicos e nosso patrimônio natural, em parceria com a população”, comemora Thiago Pampolha, secretário do Estado de Ambiente e Sustentabilidade (SEAS-RJ).
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Fátima Pimentel, secretária de Turismo do município e proprietária do sítio Velho Moinho explica a conquista da transformação do local em RPPN. "Em 2010 entrei com o processo para transformar a propriedade em RPPN. Hoje município é o segundo colocado com mais reservas particulares. O reconhecimento foi um sonho realizado. No sítio Velho Moinho sempre tivemos os cuidados com a preservação ambiental. Os chalés, por exemplo, foram construídos com madeiras de reaproveitamento, enfim tudo voltado para a sustentabilidade. Fiquei super feliz com essa conquista! Agradeço a Deus por tudo. Sempre me empenhava em proteger cada detalhe. Estou muito orgulhosa e mais ainda por transformar a propriedade em reserva permanente. Tenho o Conexão Mata Atlântica que é um incentivo de preservação. Participei de um edital e obtive uma pontuação onde consegui esse destaque. O projeto propõe reflorestamento então plantarei àrvores frutíferas e nativas da Mata Atlântica onde farei uma trilha para agregar ao Turísmo", pontua Fátima Pimentel. Continua após foto.
Fátima Pimentel, secretária de Turismo do município e proprietária do sítio Velho Moinho  - Foto: divulgação
Fátima Pimentel, secretária de Turismo do município e proprietária do sítio Velho Moinho Foto: divulgação
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Para o Secretário Municipal de Meio Ambiente, Antônio José Ferreira, o momento é muito importante para Varre-Sai. "Temos que parabenizar o Velho Moinho por essa conquista que nos orgulha em alcançar o segundo lugar no Estado. Em breve estaremos em primeiro! Temos 18 RPPNs em funcionamento e mais duas em aprovação, além de outras em andamento. É gratificante perceber que o povo participa nessa luta importante que é a conservação da Mata Atlântica, entre outras demandas, em prol da preservação do meio ambiente", comenta Antônio José.
Em 2007, o Inea instituiu o Programa Estadual de Apoio às RPPNs como estratégia para fomentar e apoiar a criação das reservas particulares no estado. Na época, não havia nenhuma RPPN reconhecida em âmbito estadual. Com apoio do programa, o número de reservas reconhecidas pelo Inea ultrapassou – e muito – o de RPPNs criadas com selo federal, dado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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Atualmente, de acordo com o painel da Confederação Nacional de RPPNs, existem no estado do Rio de Janeiro 66 reservas reconhecidas em nível federal e cinco em nível municipal – além das 100 estaduais, claro. Com isso, o estado soma 171 RPPNs e mais de 14 mil hectares de área protegida.
Parte ativa desta história desde o início, Roberta Guagliardi, gerente de projetos do Instituto Terra de Preservação Ambiental (ITPA), instituição executora da fase atual do Programa de RPPN do Inea, em entrevista ao site O Eco ,também comemora cada a conquista. “Quando iniciamos o reconhecimento de RPPNs pelo órgão ambiental estadual, não imaginávamos alcançar essa marca histórica de 100 RPPNs reconhecidas pelo Inea. Esse marco é fruto de muito trabalho técnico, engajamento da sociedade civil e reflete a importância de projetos específicos para apoiar a criação e gestão dessas unidades de conservação particulares”, ressaltou.
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A gerente descatou a importância de dar continuidade ao programa, visto que a atual fase do projeto encerra as atividades em julho de 2021. “Esperamos que novos projetos venham para dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado. Isso é o que garante esse avanço no número de RPPNs criadas”, reforça Guagliardi.
A Câmara de Compensação Ambiental (CCA) que aprova a destinação dos recursos do Fundo da Mata Atlântica (FMA), através do qual é financiado o Programa das RPPNs, já deu sinal verde para uma nova fase. Cabe agora ao braço que realiza a gestão financeira do fundo, o Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), dar sequência à nova contratação para renovar a iniciativa.
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Um estudo encomendado pelo Programa Estadual de RPPNs e desenvolvido pelo ITPA aponta que o potencial para criação de novas reservas no estado ainda é grande. De acordo com o levantamento, existem pouco mais de 568 mil hectares de remanescentes de Mata Atlântica no estado ainda não protegidos por nenhum tipo de unidade de conservação, o que equivale a cerca de 13% do território fluminense.