Claudio Hermolin, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e vice-presidente da Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) no Rio de JaneiroDivulgação

O ano de 2021 foi o melhor para o mercado imobiliário e da construção civil desde 2015. Encerramos com cerca de R$ 6 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV), contra os R$ 3,8 bilhões de 2020. Mas, ao observarmos o VGV médio de R$ 12 bilhões do mercado carioca entre 2010 e 2013, constatamos que estamos longe de comemorar. É hora de trabalhar para recuperar os números do nosso setor, que chegou a empregar 285 mil pessoas no município em 2012 e, atualmente, emprega “apenas” 160 mil trabalhadores diretos.

Os lançamentos e vendas de imóveis no Rio em 2021 ficaram 50% abaixo do registrado entre 2010 e 2013. Isso significa dizer que poderíamos estar gerando o dobro de habitações, o dobro de empregos e o dobro de renda para toda a cadeia produtiva que se ancora no mercado imobiliário e da construção civil. Afinal, nosso setor, que foi o que mais criou empregos formais nos últimos 18 meses no país, gera, em média, três empregos indiretos para cada emprego direto.

No ano passado, tivemos grandes avanços na legislação. Com o propósito de revitalizar o Centro a partir da transformação de imóveis comerciais em residenciais, o projeto Reviver Centro é prova do quanto uma medida acertada do Poder Executivo, aprovada pelo Legislativo, pode impactar em determinada região. Menos de cinco meses depois da sanção do Reviver Centro, já temos mais empreendimentos residenciais licenciados na região que o total dos últimos cinco anos.

Sancionado em outubro passado, o PLC 136, que deu origem à Lei Complementar 232, chegou com a mesma proposta de revitalização, permitindo a reconversão de uso de imóveis vazios e abandonados em todos os bairros do Rio. Outro avanço de 2021 foi o Licenciamento Integrado, responsável por reunir os licenciamentos ambiental e urbanístico num processo 100% digital.

Mas não podemos descansar sem encontrar solução para as construções irregulares e as invasões, que assolam principalmente a Zona Oeste. Acreditamos que, com incentivos para a iniciativa privada investir em habitações de interesse social, o poder público pode criar um cenário atrativo para os investimentos, capaz de revitalizar toda a região. Isso porque os empreendedores vão muito além de construir unidades habitacionais. Eles investem também no entorno dos empreendimentos, com pavimentação, infraestrutura de saneamento, drenagem, iluminação pública, energia e água.

A Zona Oeste é um dos temas do novo Plano Diretor da Cidade, o debate mais importante na Câmara Municipal neste 2022. Vamos participar dessas discussões e fazer do novo Plano Diretor um divisor de águas, com atratividade e segurança para o investimento, desenvolvimento econômico e moradia em regiões de infraestrutura já instalada, mas que hoje são pouco interessantes por conta da legislação antiquada, como a Zona Norte. Este é o momento de reforçarmos a parceria do público com o privado, visando o melhor para o nosso Rio. O momento de construirmos um Plano Diretor digno daquela que – não à toa – é conhecida mundialmente como a cidade maravilhosa.
Claudio Hermolin é presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) e vice-presidente da Associação de Dirigentes das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) no Rio de Janeiro