Por luana.benedito
Rio - Servidores públicos estaduais participaram, na manhã deste domingo, de uma manifestação contra o pacote de medidas anunciadas pelo governo do estado para combater a crise financeira, na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio. O "pacote de maldades", como foi chamado pela oposição e pelos trabalhadores, inclui a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), em contrapartida à ajuda federal para o governo fluminense.

Os servidores também prometem reagir também contra a proposta encaminhada pelo governador Luiz Fernando Pezão à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) de aumento da contribuição previdenciária dos atuais 11% para 22%. O ato desta manhã foi organizado pelos servidores em conjunto com a Frente Brasil Popular.

Manifestação de servidores públicos estaduais em CopacabanaReprodução Internet

Júlio Marim, funcionário da Cedae e também diretor de Políticas Sindicais do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento Básico e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e Região (Sintsama-RJ), defendeu que a empresa permaneça pública. “É a única estatal que gera lucro, sem nenhum investimento do estado para esse lucro, ao contrário das empresas privatizadas, que pegam recursos e depois ainda têm isenção fiscal”.

O sindicalista ainda diz que a Cedae se autossustenta com os recursos arrecadados com o abastecimento de água e coleta de esgoto, e gera para o estado um grande aporte financeiro todo ano.
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Paralisação
Nesta terça-feira, os funcionários da empresa pública iniciam uma paralisação dos serviços, conforme foi decidido em assembleia na última sexta-feira. "A disposição dos trabalhadores da companhia não é prejudicar a população", disse o diretor do Sintsama.
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Segundo Martim, os serviços essenciais podem ser reduzidos, “mas não vai faltar [água]” para a população fluminense. "O atendimento pode demorar, mas será feito", afirmou.
Martim disse que a luta contra a privatização da Cedae não tem como objetivo somente garantir o emprego, mas para que não haja também a interrupção do fornecimento de água para a população.“Água é vida e água é um direito de todo cidadão. E saneamento é também um direito de todos”.
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A proposta de transferência da Cedae ao setor privado, incluída no pacote que a Alerj vai começar a votar esta semana, é uma injustiça e uma covardia na opinião do sindicalista.
“Quem causou o rombo não foram os servidores. O governo do estado é que enfiou um monte de dinheiro no bolso e nada fez para melhorar o serviço público. Investiu pouco. Preferiu investir nas empresas privadas dando isenções fiscais, promovendo um monte de coisas que gerou esse rombo que deixa hoje o estado nessa calamidade financeira”, ressaltou o diretor.

Previdência

O professor José Carlos Madureira, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe), disse que o movimento também está preocupado com a pauta da reforma da Previdência.

“A gente entende que a proposta que está circulando no Congresso Nacional hoje penaliza os trabalhadores. Em nenhum momento, a proposta de reforma da Previdência trata do outro lado do balcão, que são justamente os empresários e o Estado. Querem fazer uma reforma onde um lado pague a conta, que é o lado do trabalhador. E nós somos contra isso”, comentou o diretor do sindicato. 

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Nesta terça-feira, os servidores prometem retomar as manifestações em frente à Alerj contra as medidas de combate à crise financeira. “Nós somos literalmente contra qualquer possibilidade de aumento da taxação da Previdência”, disse Madureira.
Ele disse também que a proposta encaminhada à Alerj pelo governador Pezão, em contrapartida à ajuda do governo federal, prevê que não haverá aumento de salários para o funcionalismo nos próximos cinco anos — eles já não tiveram aumento nos últimos dois anos, segundo o Sepe.
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“Eles querem aumentar a taxação de 11% para 22%. Nós não vamos aceitar isso de forma alguma. Eles querem resolver a crise financeira, mais uma vez, pelos trabalhadores”, afirmou José Carlos.
O diretor do Sepe disse que os trabalhadores não vão aceitar também a possibilidade de parcelamento dessa contribuição previdenciária ampliada. “Não vamos topar essa proposta. Não está na nossa conta”. O socorro federal ao governo fluminense estabelece que o estado terá que elevar a alíquota da contribuição previdenciária de servidores públicos de 11% para 14%, além de  criar uma alíquota extra de 8%, que terá validade por três anos, ou seja, de 2017 a 2019, alcançando, portanto, 22%.
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Pressão
O ato deste domingo objetivou sensibilizar os deputados estaduais a não votarem a favor do pacote de medidas e nem da privatização da Cedae. Nesta segunda-feira, a categoria estará em vigília na Alerj a partir das 10h. A ideia é conversar com os parlamentares para que reprovem a venda da Cedae “e o pacote de maldade contra os servidores públicos”.
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O Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais (Muspe) prevê para a próxima terça-feira um ato em defesa da Cedae, às 12h, em frente à Alerj e, na quarta-feira, uma vigília no mesmo local e horário, quando pretendem percorrer os gabinetes dos deputados. Na quinta-feira, quando o texto deverá ir à votação, os servidores têm programado uma grande manifestação contra o pacote da corrupção e em defesa da Cedae.
*Com informações da Agência Brasil